Pequenos reparos aquecem segmento de materiais para obras em PP

PRUDENTE - Jean Ramalho

Data 21/07/2016
Horário 11:07
 

Depois dos bons ventos trazidos pela especulação imobiliária e pela facilitação no crédito para compra e construção de imóveis, o setor de materiais de construção enfrentou períodos difíceis nos últimos meses. Tanto que, durante o primeiro quadrimestre deste ano, registrou uma queda de 3,8% no faturamento em Presidente Prudente e região, conforme pesquisa da Fecomercio (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo). Mas este cenário vem mudando, segundo representantes do setor. Não pela disponibilidade da população em construir novos imóveis, mas principalmente devido aos pequenos reparos ou reformas.

"O ritmo que tivemos em outros tempos já não é o mesmo. As vendas não são mais tão intensas, portanto, o mercado não está tão bom como antes. Mas ainda não temos do que reclamar, pois nosso principal público, que é o pessoal que faz reformas, como as construtoras, pedreiros ou prestadores de serviço, continuam comprando e mantendo o mercado aquecido", comenta Marcelo de Jesus, gerente da Liane Materiais de Construção.

A opinião do gerente é compartilhada pelo proprietário da TKM Tokomil, Milton Saito. Segundo ele, o que tem literalmente aquecido as vendas durante os últimos dias são os chuveiros, que, forçados, acabam queimando ou perdendo força durante o inverno. "Os chuveiros e as resistências são os campeões de vendas. Claro que já tivemos dias melhores, mas, enquanto isso, a venda dessas miudezas ajuda a manter o negócio lucrativo", confirma.

E foi justamente um chuveiro queimado que ocasionou a ida da técnica em enfermagem, Cássila Moura, à TKM Tokomil recentemente. "Meu chuveiro queimou e tive que correr aqui ", relata a compradora. O imprevisto demandou um gasto da prudentina, mas também ajudou a reforçar o caixa de Milton Saito. "Normalmente, troco apenas a resistência, mas agora decidi trocar por completo. Não tem como escapar, quando isso acontece tem que gastar",  completa a técnica em enfermagem.

 

Produtos básicos

Mas não são apenas de pequenos reparos ou reformas que vive o setor. Para Moisés Garcia, proprietário da Tanapi Materiais para Construção, as vendas dos últimos dias se resumem nos produtos básicos do ramo. Isto é, tijolos e cimento, seus campeões de venda, bem como os agregados areia e pedra, além de telhas, madeira, pisos e ferragens (venezianas, janelas, portas). "O básico nunca parou de vender. Independente da crise ou das condições financeiras, o arroz com feijão é essencial", associa o comerciante, que está há 35 anos no mercado.

Ainda assim, Moisés Garcia confirma que realmente o consumidor principal do setor vem mudando desde o ano passado. "Hoje o público é bem variado. Temos desde aqueles que estão construindo sua casa atualmente, mesmo que em menor proporção, mas existem também aqueles que estão promovendo reformas para valorizar, muitas vezes, o único patrimônio que possui, sua residência", pontua.

 

Preços estáveis

Porém, seja para as grandes construções, ou para os pequenos reparos, o que a unanimidade dos comerciantes quer é o reestabelecimento do mercado, impactado pela crise econômica do país. "Registramos uma queda acentuada em razão da crise e da desconfiança na economia, mas agora já estamos sentindo uma melhora no mercado. Nosso faturamento chegou cair 30% nas épocas piores, mas já estamos igualando ao que era anteriormente", expõe Moisés Garcia.

E essa estabilidade deve ser alcançada muito pela manutenção dos preços praticados pelo mercado, considera o dono da Tanapi. "Acredito que o setor de materiais de construção foi um dos únicos que não teve grandes alterações nos preços. Vem se mantendo estável faz um tempo, ao contrário de outros setores, que vêm sofrendo constantes altas", analisa.
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