Pesquisa constata alto índice de cura de hepatite na região de Prudente

Dentre 197 pacientes tratados, apenas dois não ficaram curados; foram utilizados medicamentos de segunda geração, mais eficientes que os de primeira

PRUDENTE - DA REDAÇÃO

Data 10/11/2020
Horário 16:41
Marketing/Unoeste - Luiz Euribel diz que farmácia do AME teve papel fundamental por disponibilizar remédios gratuitamente
Marketing/Unoeste - Luiz Euribel diz que farmácia do AME teve papel fundamental por disponibilizar remédios gratuitamente

Pesquisa desenvolvida em Presidente Prudente apresentou alto índice de cura da hepatite C, superior a 96%. Dentre 197 pacientes tratados, apenas dois não ficaram curados. Foram utilizados medicamentos de segunda geração, bem mais eficientes que os de primeira, cujos efeitos colaterais chegavam a ser violentos e com tempo longo de tratamento. O resultado encontrado agora tem interesse global e foi publicado na revista europeia Microorganisms, de origem suíça e de alto impacto científico.

O estudo envolveu o médico infectologista Luiz Euribel Prestes Carneiro, na condição de professor na Famepp (Faculdade de Medicina de Presidente Prudente), vinculada à Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), e orientador dos alunos em iniciação Danilo Zangirolami Pena e Murilo Fernandes Anadão, incluindo o envolvimento dos também infectologistas e professores Alexandre Martins Portelinha Filho e Rodrigo Sala Ferro. Também estiveram envolvidos representantes da Unesp (Universidade Estadual Paulista) e do AME (Ambulatório Médico de Especialidades).

Pela Faculdade de Ciências e Tecnologia, campus da Unesp em Prudente, a participação foi de Edilson Ferreira Flores, do Departamento de Estatística. Pelo ambulatório, a farmacêutica Mayara Namimatsu Okada. A pesquisa foi desenvolvida junto aos ambulatórios de infectologia do HR (Hospital Regional) Doutor Domingos Leonardo Cerávolo, com pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde), da área de abrangência do DRS-11 (Departamento Regional de Saúde).

A contaminação pelo vírus da hepatite C (HCV) é um grave problema de saúde pública no mundo. O estudo aponta que, somente no Brasil, há atualmente mais de 700 mil casos. O SUS oferece tratamento gratuito, mas muitas pessoas sequer sabem que são portadoras da doença e podem passar anos sem nenhuma manifestação clínica. A hepatite causa infecção que atinge o fígado, causando alterações leves, moderadas ou graves. Por ser infecciosa, o tratamento também tem o objetivo de frear a transmissão.

Tratamento gratuito

Nos últimos seis anos, as políticas públicas resultaram no aumento de diagnósticos feitos em postos de saúde. Em 2011, as drogas de primeira geração possibilitaram elevar os índices de cura em quase 60%. Porém, os efeitos colaterais e o tempo de tratamento variava entre nove meses a um ano. No ano seguinte, surgiram as drogas de segunda geração, usadas em parte do Brasil, sendo que em Prudente começou em 2014. Os 197 pacientes da pesquisa em questão receberam gratuitamente, entre 2015 a 2018, as chamadas DAAs (Drogas de Ação Direta de Segunda Geração).

Com essas novas drogas, o tempo de tratamento foi reduzido drasticamente: passou a ser de oito a 12 semanas e com poucos efeitos colaterais. A idade média dos participantes da pesquisa foi de 57 anos, sendo 59% homens e 41% mulheres. Um fato que chamou a atenção dos pesquisadores foi o grande número de pessoas que apresentavam outras doenças associadas (71,6%), tão graves quanto a própria hepatite C, como as cardíacas, gastrointestinais, hormonais e metabólicas, como diabetes e psiquiátricas.

Outro dado relevante é que cerca de 20% dos pacientes relataram uso de medicação para ansiedade, depressão, esquizofrenia, insônia e outros transtornos. Conforme Luiz Euribel, recentemente foi demonstrado que o vírus da hepatite C também se replica no cérebro, o que em parte justifica tais sintomas. Sobre o tratamento dos pacientes no HR, disse que a farmácia do AME teve papel fundamental por disponibilizar os medicamentos gratuitamente.

A relação interinstitucional entre todos os envolvidos, em especial da Unoeste e Unesp como centros de pesquisa, contribuiu para evidenciar o HR como unidade de referência entre os ambulatórios de infectologia, onde os pacientes foram tratados e continuam em acompanhamento. Ainda de acordo com Euribel, uma das principais consequências das pessoas não tratadas é a formação de ascite (barriga d’água) e a grande incidência de tumor no fígado (carcinoma hepato-celular).  

Para ter acesso à publicação na íntegra, basta clicar neste link.

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