PL gera discussão entre classe rural e ambientalistas

Exportação de animais vivos destinados ao abate pode ser proibida; opiniões causam divergências entre economia e meio ambiente

REGIÃO - IZABELLY FERNANDES

Data 28/08/2018
Horário 06:53

Está tramitando na CRA (Comissão de Agricultura e Reforma Agrária) o PLS (Projeto de Lei do Senado) 357/18, que visa à proibição da exportação de animais vivos destinados ao abate. De acordo com a Abreav (Associação Brasileira dos Exportadores de Animais Vivos), entre os anos de 2016 e 2017 houve um aumento de 42% nas exportações e deverá aumentar em 30% entre 2017 e 2018. O texto segue em aguardo ao recebimento de emendas. Pecuaristas e órgãos da classe rural de Presidente Prudente e região são contrários à medida, no entanto, para ambientalistas, a proposta é valida para a diminuição do sofrimento de animais.

O projeto aponta o crescimento da exportação nos últimos anos no Brasil, e tem como objetivo trazer a discussão das condições de maus-tratos a que os animais são submetidos no transporte. Além disso, outro aspecto em questão é a poluição decorrente do lançamento de dejetos de animais in natura no meio ambiente. Em inspeções realizadas em Santos (SP), foi constado que os animais são enclausurados em espaços reduzidos em viagens de até uma semana, enfrentando calor intenso e tempestades. Por ser um longo período, as baias acabam não sendo lavadas e urina e excrementos dos animais são jogados ao mar.

De acordo com o presidente do Sindicato Rural de Presidente Prudente, Carlos Roberto Biancardi, a medida iria “limitar os direitos” dos produtores rurais. A exportação, segundo o representante, é um mercado para a produção e atua como uma alternativa para a comercialização do produto. “Sou contra essa proposta, pois o preço no mercado poderá ser prejudicado”. Para o pecuarista Ademar Rinaldi, 75 anos, o projeto é um “absurdo”, pois os produtores dependem da venda do gado para sobreviver. “Isso afeta o país inteiro no ramo da pecuária e assim também perde no faturamento”, declara.

No entanto, conforme o ambientalista Djalma Weffort, a proposta é válida para a diminuição do sofrimento dos animais. Segundo ele, o Brasil possui condições de fazer abates com menos crueldade. “Os interesses econômicos não podem se sobrepor ao conforto e bem-estar dos animais”. Ele também diz que a medida irá poupar a contaminação das águas, com dejetos, químicos e remédios. “Muitos desses produtos que são usados nos animais também podem contribuir para a poluição do meio ambiente”, pontua.

SAIBA MAIS

A proposta pode ser consultada pelo endereço eletrônico www12.senado.leg.br/ecidadania/visualizacaomateria?id=134057. Através dele, o cidadão poderá votar se concorda ou não com a medida, além de poder visualizar a tramitação. Depois de votada na CRA, a matéria seguirá para a análise da CMA (Comissão de Meio Ambiente), que terá a decisão final.

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