Plástico: avanço sustentável

OPINIÃO - Walter Roque Gonçalves

Data 01/07/2023
Horário 04:30

O plástico, a principal matéria-prima das embalagens, é uma excelente solução econômica. Mas constitui um problema ambiental, pois não é biodegradável. Estima-se que o plástico leva cerca de 400 anos para se decompor, enquanto a reciclagem deste material não chega a 25%, segundo a Abiplast (Associação Brasileira da Indústria do Plástico). 
O Brasil é o quarto maior produtor de plástico do mundo. Calcula-se que 9 bilhões de toneladas de plásticos tenham sido despejados no meio ambiente nos últimos 50 anos. Por isso, o seu acúmulo no meio ambiente tornou-se um risco para o planeta e para as indústrias de embalagens.
A busca pela sustentabilidade ambiental gera pressão quanto à melhoria de inovações no setor da transformação do plástico, além de iniciativas que procuram substituí-lo. O objetivo é conquistar produtos que se decomponham facilmente na natureza e não deixem resíduos, são os chamados produtos biodegradáveis. Contudo, a matéria-prima utilizada nestes pode também ser utilizada em alimentos, gerando uma competição indesejada entre os setores, além do custo que ainda é alto. 
Dentre as embalagens, podem-se destacar as sacolas de mercado. Neste sentido, as regulamentações governamentais geram riscos e oportunidades ao setor, a exemplo do que aconteceu com a indústria de extintores em 2015, quando o item deixou de ser obrigatório nos carros, gerando falências de empresas do ramo. Segundo a Agência Brasil, mais de 60% das capitais brasileiras proíbem o uso deste tipo de embalagem plástica nos mercados, substituindo-as por equivalentes retornáveis ou biodegradáveis, porém estas iniciativas ainda caminham a passos lentos.
Neste cenário desafiador, é imprescindível que os empresários do setor juntamente com o governo, foquem no inimigo comum: o acúmulo de plástico na natureza. A reciclagem parece ser o caminho mais promissor. Para tanto, o governo e a iniciativa privada poderiam intensificar ações a fim conscientizar a coleta seletiva de lixo e fomentar incentivos fiscais, para ampliar o setor industrial, como sugere o Dr. Marcelo Farina de Medeiros, advogado, especialista em Direito Ambiental: “Os produtos reciclados poderiam ter seus impostos zerados (...) Poliéster, por exemplo, é feito de garrafa pet, que já passou por toda cadeia de impostos antes”. 
Assim sendo, há um espaço gigantesco para ampliação de novos negócios, empregos e geração de renda, com a sustentabilidade do meio ambiente mais garantida. Afinal, são mais de bilhões de toneladas de plásticos que poderiam ser convertidas em matéria-prima para as embalagens que hoje poluem a natureza. Com incentivos fiscais e a coleta seletiva de lixo ampliada, pode-se encontrar o famigerado avanço sustentável, com o equilíbrio entre a natureza e o setor industrial.
 

Publicidade

Veja também