A Polícia Civil realizou na manhã de ontem a reconstituição da morte de Tiago dos Santos, 27 anos, assassinado e esquartejado pela companheira, Angelina Bispo dos Santos, 24 anos – que é ré confessa. O delito ocorreu em março deste ano na residência do casal, no Conjunto Habitacional Humberto Salvador, em Presidente Prudente. Conforme o delegado responsável pelo inquérito, Arlindo Ribeiro de Sales, a polícia confirma que outras duas pessoas auxiliaram no descarte dos restos mortais da vítima.
Polícia interditou a área para realizar a reconstituição
No entanto, por meio da reconstituição, que durou por cerca de três horas, pretende desvendar se estes comparsas também estão envolvidos no homicídio. Sales afirma que um deles já foi identificado e está com a prisão preventiva decretada, no entanto, o outro ainda não foi identificado pela polícia.
Ontem, Angelina dos Santos chegou à residência onde vivia com o marido e as filhas, por volta das 10h, do Presídio Feminino de Dracena, onde está encarcerada até a conclusão do inquérito. A reconstituição foi acompanhada pelo delegado Márcio Pirondi e por peritos da Polícia Científica, bem como a imprensa local. A segurança nos arredores da casa foi reforçada por membros do Grupo de Operações Especiais (GOE) e apoio da Polícia Militar (PM), que impediu a aproximação de populares.
Conforme constatado pela reportagem, a vizinhança se comoveu com a chegada da mulher, que chorou ao perguntar pelas filhas. Segundo Sales, a primogênita de 7 anos, fruto de outro relacionamento, está com o pai. Já a filha do casal, de 4 anos, permanece no Paraguai com conhecidos da acusada. "O Conselho Tutelar de Presidente Prudente já foi notificado e está tomando as devidas providências para trazê-la de volta", afirma o delegado. No decorrer da manhã, foi possível ouvir populares gritando frases de apoio à Angelina dos Santos.
Depois de demonstrar como assassinou o companheiro na residência, a reconstituição seguiu até a Represa da Cica, para dar sequência ao trabalho. Nesta etapa, que foi acompanhada pelo Corpo de Bombeiros, ela relatou como descartou os restos mortais da vítima.
Retrospecto
Como já noticiado por O Imparcial, a cabeça de um homem e seus membros inferiores foram encontrados no dia 17 de março deste ano, por um pescador, dentro de um saco plástico na lagoa abastecida pelo Rio Santo Anastácio, no bairro Ana Jacinta – conhecida como Represa da Cica. A partir daquele momento, a Delegacia de Investigações Gerais (DIG) assumiu as investigações. Após informações anônimas, a polícia chegou ao nome de Angelina dos Santos como sendo autora do crime. Após o mandado de prisão preventiva, ela foi presa no dia 20 de julho, em Foz do Iguaçu (PR). A acusada confessou no dia 14 deste mês a autoria do crime.
Segundo Sales, o crime foi motivado por episódios constantes de violência doméstica e ameaças contra uma filha dela, fora do relacionamento. "Na data do homicídio, ela falou que tinha sido golpeada. A mulher então esperou o seu companheiro deitar e, antes dele dormir, pegou uma arma de fogo e atirou nele. Porém, como o rapaz não havia morrido, ela confessou ter cortado o pescoço do homem com uma faca", declara. "Em seguida, a mulher relatou não saber o que fazer com o corpo, então, resolveu cortá-lo, colocar as partes em sacos e jogá-las em um lago", completa Sales.
O delegado afirma que após a reconstituição, a acusada volta à Penitenciária Feminina de Dracena. "Vamos representar para que a prisão temporária seja transformada em prisão preventiva. Diante da conclusão do inquérito, ela poderá ser transferida para a Penitenciária Feminina de Tupi Paulista", conclui.
Tentativa de fuga
O delegado pontua que após um mandado de prisão preventiva ser expedido, a mulher conseguiu fugir por cerca de um mês. "Chegamos próximo a ela em Prudente, mas houve a fuga para a cidade de Rio Grande . Fomos até o sul e de lá a mulher se deslocou para o Paraguai. Permanecemos uns dez dias no país vizinho e, em ação conjunta com a polícia de Foz do Iguaçu, a encontramos em uma agência bancária", frisa Sales. Angelina dos Santos ficou presa no município em que foi capturada e, depois de uma autorização judicial, ela chegou em Prudente.
Polícia interditou a área para realizar a reconstituição
