População ganha energia elétrica e água encanada

PRUDENTE - OSLAINE SILVA

Data 14/09/2017
Horário 13:43

O saneamento básico chegou aos “trancos e barrancos” em Presidente Prudente, conforme recorda o historiador Ronaldo Macedo. A iluminação pública era precária. Às 22h, era preciso sair com lampiões, lanternas ou velas, porque não tinha mais luz nas ruas. A iluminação era de uma empresa ligada ao coronel José Soares Marcondes, e teve muito atrito no começo, porque ela foi uma concessão da Câmara de Campos Novos e Conceição de Monte Alegre, isso antes da instalação do município. Não era da cidade. Então, o povo não reconhecia e quando se cria o município, a briga fica mais séria. “Colocava-se um poste, a turma do coronel Francisco de Paula Goulart ia lá e arrancava. A coisa era tão séria, a ponto de ter que colocar um guarda para cuidar do poste”, conta o historiador.

A luz vinha da Vila Marcondes, puxando a rede para o centro, tocada por um locomóvel a vapor, que tinha uma abrangência muito pequena, bem diferente de uma queda d’água, era algo minúsculo, das 6h às 22h. Se tivesse uma festa até mais tarde, prolongava um pouco mais o horário de fornecimento de energia.

 

Chegada da Caiuá

Com a Revolução de 1924, que devastou tudo, a energia também foi destruída. Mas, antes disso, a concessão havia sido passada para outro grupo, uma empresa nova que veio de São Paulo, com a vinda dos engenheiros Francisco Machado de Campos e João Gonçalves Foz (dono das terras do atual Jardim das Rosas, sendo que a avenida que passa pelo Museu e Arquivo Histórico Prefeito Antonio Sandoval Netto leva o seu nome). Em 1927, quando a Companhia Marcondes faliu, foi feito um acordo com a Serraria Jesus, que tinha um motor a vapor potente e condições de fornecer energia para a cidade. “Que pega fogo depois e mais uma vez deixa o município sem luz”, aponta Ronaldo.

Então, em 1928, essa empresa negocia uma melhoria no setor e vai atrás de uma queda d’água, a primeira, que já estava sendo construída por uma companhia sueca, a Laranja Doce, em Martinópolis, que vai fornecer energia para Prudente e região com a Caiuá, criada em 1929. A linha vai se estendendo, com Salto Quatiara, em Rancharia, com uma queda maior, a empresa se expande assumindo o controle geral do setor, ainda que em primeiro momento a energia era só para residências e prédios públicos. Não havia luz na rua e as empresas tinham energia própria. “O pagamento da luz, imagine, era por lâmpada, e não medição, sistema que chega nos anos 40. E, então, a situação muda com um fornecimento melhor até que nos anos 1990, 2000 chega às mãos do Grupo Rede e depois da atual Energisa Sul-Sudeste.

 

Saneamento

Em um primeiro momento, segundo Ronaldo, para se ter água, a maioria dos moradores tinha poço. Aí começa-se canalizar, construir caixas d’água, a primeira na Vila Marcondes, um marco histórico, aonde está até hoje. Outra perto do cemitério, hoje atual Terminal Rodoviário Comendador José Lemes Soares. Uma empresa de São Paulo vem para fazer todo um estudo, eletrificação do sistema de distribuição, isso nos anos 193040, sarjetas, esgoto. “Foi no período entre os anos 30 e 40 que as melhorias deslancharam, por conta de uma série de favorecimentos, apoio do governo do Estado”, expõe o historiador. Ele lembra que a primeira empresa de saneamento básico foi da Prefeitura, depois teve o DAE (Departamento de Água e Esgoto), sendo que a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) assumiu em 1978 e foi renovando o contrato até hoje.

“De uma forma mais detalhada, esta é a história de Prudente, que é enriquecida com seus personagens, dentro de cada um desses assuntos. Parabéns Presidente Prudente. E obrigado por me acolher como um ‘cidadão prudentino!’”, agradece Ronaldo Macedo, historiador que traz, na ponta da língua, e guarda na memória, tantas histórias da maior cidade da região.

Publicidade

Veja também