Por que não acreditar na democracia?

OPINIÃO - Francislaine Coimbra

Data 26/05/2022
Horário 05:00

Num ano em que comemoramos o bicentenário da nossa independência e teremos mais uma eleição presidencial, o processo eleitoral sinaliza algumas complexidades que devem ser enfrentadas. 
Na sociedade contemporânea ou das plataformas que fazem com que os indivíduos se tornem participantes oficiais na produção da informação, o melhor regime para gerir as incertezas é a democracia, por transformar o desconhecimento e a dúvida em possibilidades de aprendizagem, permitindo que a sociedade desenvolva, não apenas a aptidão para solucionar problemas cada vez mais complexos, mas também a capacidade para reagir de forma adequada em face do desconhecido.
No ambiente dos tempos correntes com polarização extrema, virulenta e recrudescida pelas plataformas sociais, embora não haja saída fácil, a ideologia política democrática constitucional é ainda o caminho viável. Notadamente, a democracia abre espaço para o dissenso e para o pluralismo, possibilitando a construção de muitas respostas. Portanto, a participação efetiva dos sujeitos no processo de democratização é essencial.
Segundo dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), de janeiro a março de 2022, o Brasil ganhou 1.144.481 novos eleitores na faixa etária de 15 a 18 anos. Percebe-se que esse interesse pelo primeiro título se deve a práticas do TSE para promover a conscientização da importância de votar, pois a possibilidade de modificar a realidade que se tem enfrentado de acirramento dos discursos políticos ocorre, especialmente, por meio do voto. Se a democracia está fragilizada, é cabível operar uma cultura política entre os jovens, para que não se alienem do nosso regime de governo.
Jovens se atraem por várias atividades, como músicas, “baladas”, passeios, namoros, amizades. Então, quais os motivos para se sentirem atraídos pela política, se não existirem práticas de divulgação de conteúdos relevantes para que se enveredem por essa conscientização? Cabe reconhecer que, para eles - os protagonistas das mudanças que acontecerão em nosso país -, é frágil o simples argumento de que votar é importante, haja vista que também sabem o quão é importante uma vida saudável e, ainda assim, têm sido cada vez mais frequentes problemas físicos, como obesidade e anorexia, e psiquiátricos, com taxas de suicídio. Por isso, para que a escolha pela política seja consciente, a informação de qualidade é a peça chave. 
Nesse sentido, tanto para jovens quanto para adultos, o antagonismo entre democracia e “fake news” é tão preocupante, já que, por diversas vezes, há transmissão de uma notícia sem a checagem no site oficial do TSE ou em quaisquer de suas redes sociais, ou ainda nos Tribunais Regionais Eleitorais, o que acaba por comprometer não apenas o próprio voto, mas toda a estrutura da democracia.
A participação pessoal do cidadão na formação da vontade diretiva do Estado, a partir do acesso a informações corretas do que o governo está fazendo, consubstancia uma dimensão republicana da democracia. E o mais importante é que, se esse sistema de governo voltado para o povo é criticado, a parcela de responsabilidade é própria também e não apenas do outro, porque no povo se insere cada um de nós – cidadãos – sendo esse o motivo para que a importância do voto deva ser patente.
 

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