Práticas integrativas em saúde

OPINIÃO - Franciele Schwarz

Data 14/04/2022
Horário 05:00

As PICS (Práticas Integrativas e Complementares em Saúde) tratam-se de um conjunto de diversas práticas milenares, baseadas em saberes tradicionais, reconhecidas pelo Ministério da Saúde e pela própria OMS (Organização Mundial da Saúde), que desde a declaração de Alma-Ata (1978), 1ª Conferência Mundial sobre os Cuidados Primários em Saúde, apoia sua inserção nos sistemas de saúde de todo o mundo.
As PICS são terapias que buscam estimular os mecanismos naturais para a prevenção de doenças e recuperação do bem-estar. No SUS (Sistema Único de Saúde), a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde, instituída em 2006, tem o objetivo de melhorar a qualidade de atendimento. Atualmente, existem 29 práticas oferecidas pelo SUS, como por exemplo: acupuntura, fitoterapia, homeopatia, meditação... Sendo que necessitam do incentivo de gestores municipais para que aconteçam de fato.
Quando aplicadas por profissionais qualificados, as PICS não propõem curas milagrosas, mas atuam na promoção da saúde e do autocuidado, na prevenção de doenças e proporcionam um cuidado mais humanizado em tratamentos paliativos. Podem e devem ser utilizadas em conjunto com a medicina tradicional de forma agregadora e não substitutiva ou alternativa, são integrativas e complementares, olham o indivíduo em sua integralidade, nos aspectos psicológicos, emocionais e espirituais, com um olhar mais amplo do processo saúde-doença.
Florence Nightingale, pioneira na enfermagem, usou a Aromaterapia, PICS que se utiliza de óleos essenciais, nos soldados feridos durante a Guerra Crimeia (1854), na intenção de acalmá-los, diminuir a ansiedade, aliviar a dor e auxiliar no processo de recuperação. No entanto, alguns profissionais de saúde duvidam da eficácia das PICS, desqualificando a sabedoria popular, chamando-as de pseudociência, esquecendo que por séculos elas foram a medicina tradicional e fizeram a humanidade chegar até aqui.
É verdade que algumas práticas não têm comprovação científica, trazendo benefícios apenas subjetivos, mas essa necessidade por muitos profissionais cartesianos, que tudo precisa ser comprovado, colocaria em cheque a espiritualidade, de como é benéfica ao indivíduo minimizando a ansiedade e estresse, que é a causa da grande maioria das doenças.
Culturalmente, valorizamos em saúde, o que é caro, inacessível, cheio de dispositivos, pois vivemos em um sistema de saúde medicalizado e extremamente intervencionista, que não valoriza o protagonismo e autonomia do indivíduo. Entretanto, tem-se observado um crescimento em relação ao interesse e procura da população pelas PICS, principalmente durante a pandemia, o que pode ser explicado pelo aumento das sequelas pós-Covid, insatisfação com os serviços de saúde e o ressurgimento do interesse por um cuidado holístico e humanizado.
Enfim, as PICS não visam tomar o espaço de profissionais ou procedimentos, elas vêm para complementar técnicas que agem apenas no biológico, e assim quem ganhará com um cuidado mais integral, resultando no encurtamento do tratamento e aumento da qualidade de vida, será o paciente.

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