Preferências ou manias

DignaIdade

COLUNA - DignaIdade

Data 05/01/2021
Horário 06:00
Foto: Divulgação
Novela sofreu crítica por usar galã branco no papel do negro Tomás
Novela sofreu crítica por usar galã branco no papel do negro Tomás

A inflexibilidade do idoso e a rigidez de atitudes com o envelhecimento são características marcantes na imagem convencional que se tem da velhice: todo velho é turrão. Generalizações à parte, realmente, com a maturidade existe uma maior cristalização das verdades interiores e as vivências e experiências praticadas fazem com que tenhamos maiores convicções com o envelhecer. Tais opiniões vão se traduzindo em preferências em comportamentos e decisões.

Contudo, além da idade, existe uma boa influência da personalidade: tem gente que gosta de experimentar e outras extremamente convencionais e metódicas em suas ações. Desta forma, acabam por adquirir hábitos bastante invariáveis e monótonos, com rigidez de preferências e regras. Todos vão adquirindo preferências: de sabores, locais, rotinas cotidianas e escolhas de produtos.

O problema é quando, na impossibilidade da preferência, a pessoa tenha real sofrimento ou verdadeira aversão a qualquer outra hipótese que não seja a sua habitual. A preferência passa a ser um ritual de excentricidades peculiares ou rigidez permanente: tudo tem que ser exatamente do mesmo jeito, nada pode ser modificado ou substituído, há horários rigorosos para todas as ações do dia, o cardápio vai se restringindo a poucos e selecionados itens invariáveis.

Sem perceber, a pessoa vai se tornando escrava das próprias preferências, e há geração de angústia, ansiedade ou irritação quando algo sai do plano milimetricamente traçado. O idoso deixa de viajar ou ao menos passar um dia na casa de um amigo ou parente porque não consegue reproduzir sua rotina habitual ou, quando se permite a um destes passeios, acaba sendo intransigente ou exagerado em exigências. A grande dica é relaxar, libertar-se e se permitir.

Túnel do tempo: A Cabana do Pai Tomás

A Cabana do Pai Tomás, o famoso romance de Harriet Beecher Stowe, foi transformado em telenovela na Rede Globo em 1969 numa produção paulista. A trama principal que impulsionou o movimento abolicionista norte-americano contava a história dos plantadores de algodão escravizados no sul dos Estados Unidos em confronto com os ricos plantadores.

A novela sofreu uma crítica ferrenha pela infeliz ideia de usar o branco galã Sérgio Cardoso para interpretar o negro Tomás com maquiagem para escurecer sua pele e rolhas no nariz para modificar sua feição. O autor e diretor teatral Plínio Marcos liderou uma campanha contra a novela que deveria ter utilizado atores apropriados como Milton Gonçalves, que compunha o elenco da Globo.

Para interpretar sua esposa Cloé, foi escalada Ruth de Souza, mas era tarde para evitar o fiasco. Sérgio Cardoso ainda interpretava outros dois papéis: o presidente Abraham Lincoln e o galã Dimitrius, uma espécie de Clark Gable em um “E o Vento Levou” tupiniquim.

O elenco tinha nomes de peso como Paulo Goulart, Maria Luiza Castelli, Edney Giovenazzi e Isaura Bruno. Para completar o desastre, um forte vendaval destruiu os cenários da novela em São Paulo e a equipe teve que ser transferida às pressas para os estúdios da Globo no Rio de Janeiro. 

Dica da semana

Filmes musicais pioneiros com protagonistas negros:

Três clássicos do cinema mostram a influência negra na música americana. Cabine no Céu (Cabin in the Sky). 1943. Com Ethel Waters, Lena Horne, Louis Armstrong e Duke Ellington; Carmem Jones. 1954. Com Dorothy Dandrige e Harry Belafonte; Porgy and Bess. 1959. Com Sidney Poitier, Sammy Davis Jr. e Dorothy Dandridge.

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