Avaliação sobre a proporção de casos que testam positivo (soroprevalência) e os fatores de risco associado à infecção causada por vermes (toxocaríase) em população com 50 anos de idade ou mais apresenta alta prevalência na região de Presidente Prudente: 30,7%.
Estudo nesse sentido foi desenvolvido junto ao Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde, mantido pela Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), e teve os resultados apresentados em banca de defesa pública de dissertação neste mês de novembro.
A toxocaríase é causada por larvas de nematoides (vermes), que têm como hospedeiros cães e gatos – Toxocara canis e Toxocara cati –, e apresenta diferentes sintomas em humanos, tais como febre, pneumonia e manifestações pulmonares e neurológicas.
A autora do estudo, a médica geriatra Gabriela Geraldi da Silva Rapchan, disse que a motivação surgiu da imunossenescência e da expertise do seu orientador Vamilton Alvares Santarém em pesquisas sobre toxocaríase.
A imunossenescência refere-se ao declínio gradual da imunidade com o avançar da idade, tornando o corpo mais vulnerável a infecções, doenças crônicas e câncer, processo que acontece com pessoas em faixa etária de atendimento geriátrico.
Durante o desenvolvimento do estudo, de fevereiro a dezembro do ano passado, foram avaliados 290 pacientes do sistema público de saúde, sendo 156 mulheres (53,8%) e 134 homens (46,2%), sendo 64,5% com renda de um salário mínimo.
Os procedimentos metodológicos compreenderam o convite à participação, a assinatura do termo de livre consentimento, a aplicação de questionário socioeconômico, a avaliação cognitiva e a coleta de sangue para exames.
Parte dos procedimentos laboratoriais foi enviada ao IMT-FMUSP (Instituto de Medicina Tropical, da Faculdade de Medina da Universidade de São Paulo). Com todos os dados levantados, os procedimentos metodológicos incluíram as análises.
Os resultados, além de apontarem a alta prevalência na população estudada, considerou como relevante a imunossenescência e sugeriu higienização e desverminação de cães e gatos para a redução dos riscos de toxocaríase.
Conforme o orientador, com a imunossenescência, é possível que as pessoas fiquem mais susceptíveis às infecções. “Como pode ter a reativação das larvas de toxocara, a gente não sabe até que ponto elas podem causar problemas neurológicos”, diz.
“Embora não tenha tido alguma associação com processos de demência, talvez possamos ampliar a amostragem ou fazer outro tipo de estudo e conseguir algum resultado mais robusto”, estima.
Vamilton afirma que o estudo de Gabriela tem impacto científico e social. Comenta que, na condição de geriatra, ela está mais atenta em relação aos pacientes que atende, fazendo divulgação dessa doença que é negligenciada e tem impacto relevante em termos de saúde pública.
A dissertação foi avaliada por Rogério Giuffrida, da Unoeste, e por Alexander Welker Biondo, da UFPR (Universidade Federal do Paraná).
A médica Gabriela foi aprovada para receber o título de mestre em Ciências da Saúde, com a dissertação “Soroprevalência e fatores de risco para toxocaríase em pessoas com 50 anos ou mais na região oeste do Estado de São Paulo”.