ADRIANO KIRIHARA
ESPECIAL PARA O IMPARCIAL
As verduras, legumes e frutas que são compradas em feiras e supermercados são cultivados, na maioria das vezes, longe de casa. Um deles é um dos frutos mais consumidos no mundo, o tomate. Seja no vinagrete, na salada, no molho ele está presente em várias preparações. Apesar da região possuir alguns plantios, o clima quente não é dos melhores para a produção de tomates de mesa, por isso, muitos comerciantes buscam de fora este produto.
Pouco ou nunca se pensa em como chega o alimento à mesa. A rotina quase que diária deste caminhoneiro descreve um pouco do caminho do tomate até o prato. Já são 19h e o caminhão acaba de ser carregado. Na boléia, o motorista José Henrique faz uma uma breve oração. O tempo curto, a estrada e longas distâncias são os desafios para um motorista que ganha a vida transportando frutas e verduras. O destino é a Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) de Presidente Prudente. Toda esta correria é necessária, pois o mercado começa cedo e os alimentos têm que estar disponíveis para os clientes. “Tem dia que saímos tarde daqui. Antes da mercadoria ser colocada no caminhão é selecionada, passa por um processo de higienização. Em época de chuva a coisa piora, pois muitas vezes os frutos chegam fora de hora aqui no barracão e temos que chegar a tempo para manter as hortaliças frescas", explica o motorista.
O produtor Paulo Grotto, que também possui um box na Ceasa, é um dos responsáveis pelo abastecimento deste fruto na região de Presidente Prudente. Há mais de 30 anos ele vive num constante vai e vem entre as cidades de Presidente Prudente e Ribeirão Branco no Vale do Ribeira, distante 450 km. Hoje, o agricultor passa a maior parte do tempo em Ribeirão Branco e está mais concentrado na produção enquanto seu filho cuida da venda dos produtos na Ceagesp em Presidente Prudente.
“Produzir hoje não é fácil. As mudanças climáticas, a falta de mão-de-obra especializada, pragas, doenças, a lista é grande. Nas últimas décadas produzir alimento tem sido muito difícil e essa passou a ser uma atividade cada vez mais complexa. Por isso, fico aqui cuidando desde plantio até a colheita”, afirma o produtor.
O agricultor escolheu esta região para produzir por causa do clima e da qualidade que consegue em sua mercadoria. Embora o tomateiro seja uma planta com ampla capacidade de adaptação às diferentes situações de clima, as condições mais favoráveis de temperatura é que estejam na faixa de 18 a 25 graus celsius. Para o consultor Sérgio Akio, que há mais 30 anos acompanha e fornece fertilizantes para os plantios de Paulo Grotto, a região possui um microclima ideal para a produção de tomates. "Aqui temos períodos em que a temperatura contribui para o desenvolvimento das plantas e dos frutos, até mesmo na absorção de fertilizantes e nutrientes adequados. Tanto é que Ribeirão Branco é conhecida pela qualidade dos tomates e hoje faz parte da principal região produtora de tomate de mesa do país. Na época de safra, comerciantes do Brasil inteiro buscam tomates no Vale do Ribeira.”, destaca Sérgio.
SAIBA MAIS
O TOMATE
O tomate é considerado o rei das hortaliças e o Brasil está entre os dez maiores produtores do mundo com cerca de 63 mil hectares cultivados, estima-se que a produção atinja cerca de 3,5 milhões de toneladas. Embora cultivado em todos os estados em maior ou menor escala, os principais produtores são São Paulo, Goiás, Minas Gerais, Bahia e Rio de Janeiro. Da produção 70% são destinados ao consumo natural e o restante como matéria-prima para diversos produtos como pastas, molhos, sucos e outros derivados. Há diversas maneiras de cultivo, em São Paulo, o que predomina é o plantio de tomate estaqueado, um sistema onde a planta cresce apoiada em uma estaca geralmente de bambu ou fitilho, evitando que os frutos tenham contato com o solo.
Fotos: Adriano Kirihara
Lavoura de tomate de Paulo Grotto, no município de Ribeirão Branco, em imagem de Drone
O motorista José Henrique da Santos: na época da safra, viagens diárias entre Prudente e o Vale do Ribeira
