Apaixonado pela leitura desde a infância, o professor Edson Teixeira Lopes, 51 anos, trabalha incansavelmente para desenvolver e disseminar o amor pelas páginas dos livros. Seja nas salas de aula da Escola Estadual Professor Hugo Miele, onde leciona, ou nas ruas e praças de Presidente Prudente, o docente atua como incentivador da prática junto às pessoas. Por meio de seu projeto pessoal, batizado de Primeira Página, o professor recolhe livros doados e os distribui gratuitamente à população em um evento realizado anualmente. Neste ano, a feira de doações está prevista para ocorrer no último sábado de junho, dia 25, na Praça 9 de Julho.

Professor de língua portuguesa distribui livros gratuitamente à população interessada
Nascido e criado em Irapuru, Edson sempre foi um exímio apreciador da leitura, "desde a tenra infância", como ele próprio descreve. E foram justamente as recordações deste período de sua vida que o fizeram criar o projeto Primeira Página. "Quando era criança tinha que comprar os livros pra fazer as provas e depois pediam pra gente doar os livros à escola, para que outros alunos utilizassem. No final eu ficava sem o livro, mas outra pessoa se beneficiava. Então, se na minha época existisse uma iniciativa como esta, provavelmente eu seria o primeiro a buscar um livro", comenta o professor.
A prática do "passe adiante" se aflorou ainda mais na vida adulta, quando o docente passou a deixar alguns exemplares sobre os bancos das praças ou das igrejas, a fim de que algum interessado se apossasse. "Quando ganhava algum livro, depois de lê-lo, costumava deixar nos bancos das praças ou das igrejas propositalmente. Às vezes ficava olhando, na espreita, pra ver quem pegava, mas foi quando surgiu a ideia de receber doações para doar livros em grandes quantidades", afirma.
A iniciativa já caminha para o seu terceiro ano e contabiliza pelo menos 350 livros doados nos dois primeiros eventos. Em 2014, conforme o professor, foram cerca de cem exemplares. Por sua vez, no ano seguinte, 250 livros foram repassados aos interessados durante a feira de doações. "Quando dou reforço que é gratuito, mas que após a leitura a benfeitoria seja repassada adiante. O processo não pode parar, todos nós somos potenciais multiplicadores", considera.
Sala de aula
Mas o engajamento da
Edson não se restringe apenas às ruas ou praças. Dentro da sala de aula, onde atua como professor de língua portuguesa há 16 anos, o docente faz questão de incentivar a leitura entre os alunos. Seja de maneira mais pedagógica, cobrando os conteúdos nas provas, ou de forma espontânea, pelo simples fato de proporcionar o hábito da leitura aos alunos. "Na sala de aula é normal. Levo os livros para a sala e deixa a vontade aos alunos. Até o oitavo ano, eles mesmos retiram os livros e fazem o controle no caderno de retirada e devolução. Não tem cobrança de prazo para leitura, mas funciona por meio da vontade própria dos alunos, Já do nono em diante exijo a leitura de um livro por mês, basicamente aqueles que servem como referência nos vestibulares, e aplico provas e trabalhos com relação aos livros", relata.
E o método do professor já tem surtido efeito entre os estudantes. Com 12 anos, Carlos Gabriel está em seu quarto livro do ano. O aluno diz que, através da leitura conhece novas palavras, que lhe proporcionam um melhor desenvolvimento no raciocínio e na redação. "Quando leio parece que estou dentro da história. Pra mim, ler é viajar sem sair do lugar", descreve.
Assim como ele, Anne Karine, 13 anos, relata que vem desenvolvendo seu repertório através da leitura e, inclusive, já está até escrevendo suas próprias histórias. "Sou uma amante da leitura, tanto que já estou no meu terceiro livro neste ano. Isso me ajuda a escrever minhas histórias de ficção", assegura a aluna.
Hábito da leitura
O efeito causado nos alunos é o mesmo que o professor deseja desenvolver nas pessoas com seu projeto. "Não ganho nada com isso. Meu único interesse é que as pessoas leiam e desenvolvam o hábito da leitura. Penso que, com a leitura, estarei cooperando pelo fim da corrupção, por uma melhor compreensão de convivência e de sociedade. A pessoa que lê se torna mais ser humano, isso porque o conhecimento transforma e a leitura é uma maneira de alcançar esse conhecimento", salienta.
SERVIÇO
COMO AJUDAR
A próxima feira de doações está prevista para ocorrer no último sábado de junho, dia 25, na Praça 9 de Julho. Até lá, o professor conta que aceita doações de exemplares em bom estado de conservação. Quem estiver interessado em fazer a doação de livros, pode entregar diretamente na Escola Estadual Professor Hugo Miele, em Prudente. Além disso, o professor ressalta que também busca os livros na casa da pessoas, caso necessário. Para isso, basta entrar em contato com o docente pelo telefone: (18) 99685-1769.