Promotor solicita novas eleições em Pirapozinho

Prefeito e vice reeleitos são acusados de suposto abuso de poder econômico por compra de votos e distribuição de produtos

REGIÃO - MELLINA DOMINATO

Data 27/11/2016
Horário 08:48


O MPE (Ministério Público do Estado de São Paulo) requereu à Justiça a realização de novas eleições no município de Pirapozinho, tendo em vista o suposto envolvimento do prefeito reeleito Orlando Padovan (DEM) e seu vice Antônio Carlos Colnago (PSB) em condutas ilegais cometidas durante a campanha eleitoral deste ano. De acordo com o promotor de Justiça, Marcelo da Silva Martins Pinto Gonçalves, as partes envolvidas no processo têm até hoje para apresentar manifestações. O caso então segue para sentença do juiz eleitoral Francisco José Dias Gomes, o que deve ocorrer ainda esta semana.

Jornal O Imparcial Em outubro, mais de 500 pessoas foram às ruas em protesto

Segundo o promotor, a solicitação do MPE pelas novas eleições se deu na tarde de sexta-feira, durante audiência de instrução realizada no Fórum de Pirapozinho. Esta foi baseada nas acusações envolvendo o prefeito e o vice, os quais, no início de novembro, foram citados pela coligação "Juntos Somos mais Fortes" (PSDB, PPS, PP, PR, PROS e PSL) em uma Aije (ação de investigação judicial eleitoral). Na ação, os partidos afirmam que os políticos supostamente realizaram condutas ilegais, como distribuição de camisetas, compra de votos e distribuição de bebidas e comida, caracterizando crime de abuso de poder econômico.

Padovan foi reeleito em outubro com 6.507 votos, ou seja, 43,07% dos válidos, na coligação "Para a Nossa Cidade Crescer Ainda Mais" (DEM, PSB, PDT, PTB, PMDB, PSDC, PRP e PSD). Ele e Antônio Carlos, assim como o advogado de defesa de ambos, Luiz Carlos Lima de Jesus, foram procurados pela reportagem na manhã de ontem para comentar as acusações, no entanto, até o fechamento desta reportagem, às 13h, não foram localizados.

Amanhã, uma nova manifestação será realizada pela população, a partir das 17h30, em frente ao Fórum. No local, um abaixo-assinado será entregue contra a possível "corrupção e compra de votos" aos representantes da Justiça e da Promotoria. Como noticiado neste diário, logo após as eleições, mais de 500 pessoas foram às ruas em Pirapozinho contra uma suposta distribuição de camisas vermelhas para a população no dia das eleições, caracterizadas como "uniforme" dos eleitores de Padovan, prática considerada crime eleitoral.

 

Investigação


Ainda no início de outubro, também após a eleição, a Polícia Civil, em conjunto com o MPE, realizou buscas em nove imóveis, desde residências a estabelecimentos comerciais, dos políticos acusados, sendo que as camisetas vermelhas que teriam sido distribuídas pela chapa foram encontradas em diversos locais. Na ocasião, o vereador Cícero Alves Maia (PRP), o qual teve apoio de Padovan, mas não foi reeleito, foi detido em seu bar por porte ilegal de arma e contrabando de cigarros paraguaios sem a nota fiscal, em posse ainda de 25 peças iguais às vestidas pelas pessoas no domingo de votação. Ainda durante as fiscalizações, na casa de Antônio Carlos foram encontradas camisetas idênticas às demais, embaladas, novas e sem uso.

A Polícia Civil já anunciou que identificou diversos eleitores que foram possivelmente aliciados por meio de pessoas que trabalhavam para os candidatos, e também, em alguns casos, pelos próprios candidatos, diretamente. Ainda conforme o órgão, outros eleitores, em geral de baixa renda e escolaridade, teriam recebido oferta de quantia em dinheiro, além da camiseta alusiva à chapa. Foram identificadas diversas pessoas que confirmaram a venda do voto. Estas foram ouvidas e apresentaram as camisetas recebidas. Em um dos casos, um eleitor entregou a quantia recebida em espécie para apreensão. Também foram obtidas fotografias da distribuição de bebidas alcoólicas, em que as pessoas trajavam camisetas e faziam referência ao número da chapa dos políticos.

 
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