Presidente Prudente já conta com 781 casos confirmados de dengue em menos de um mês. Os dados foram confirmados pela VEM (Vigilância Epidemiológica Municipal), que anunciou mais 460 casos ontem, elevando os casos positivos contabilizados somente em janeiro. Segundo informações do órgão, há ainda 1.182 notificações e outros 401 exames que aguardam resultados. De acordo com dados cedidos pela Secom (Secretaria Municipal de Comunicação), a VEM confirma também mais 23 casos referentes ao fim de 2015, que foram confirmados somente agora. Sendo assim, as catalogações positivas do ano passado aumentam para 3.348, o que demonstra que a quantidade de casos que a cidade registrou em apenas 28 dias é equivalente a 23% de todos os casos computados no ano passado. "É válido afirmar que a contagem referente a 2015 ainda não foi concluída", expõe a Secom.
A situação preocupa de longa data as autoridades de saúde, pois a cidade tem registrado altos índices de contaminação da doença desde o ano passado. Neste ano, também já foi registrado um óbito ocasionado por dengue hemorrágica em um idoso que residia na Vila Verinha, localizada no setor 4, área com maior número de casos da doença na cidade.
"Vivemos uma epidemia. Podemos constatar isso. Em janeiro de 2015, os números não chegavam a 30. A diferença é gritante. Se continuarmos neste ritmo, é bem capaz que teremos aproximadamente 2 mil casos em fevereiro, e assim por diante", relata Mário Coimbra, promotor de Justiça ligado às questões de saúde da região.
O representante do MPE (Ministério Público do Estado) chama a atenção da população para os cuidados com os quintais de suas casas e demais recipientes expostos ao tempo que podem acumular água e servir de criadouro para o
Aedes aegypti, mosquito vetor da doença. "Sobretudo nesta temporada de chuvas que passamos", destaca.
Devido à gravidade, a Coordenadoria da Defesa Civil do Estado de São Paulo solicitou ao município para colocar em prática um plano de combate que envolve vários setores da gestão pública e a própria comunidade, com a criação de uma "sala de coordenação". Trata-se de um grupo especial para aplicar novas medidas no combate ao mosquito.
Hoje de manhã, este grupo, juntamente com representantes de outras áreas e membros de associações de moradores de bairros, se reúne a partir das 8h no Centro Cultural Matarazzo, para tratar mais detalhes do plano de ação. A Promotoria também estará presente. "O protocolo de enfrentamento pede para que a comunidade seja envolvida, para que, assim, haja medidas mais eficazes", explica Coimbra.
Mais ações
A VEM tem trabalhado com fiscalizações constantes em toda a cidade. Amanhã, as ações contra o vetor, que também é responsável pela transmissão de doenças como o zika vírus e a febre chikungunya, terão continuidade na área 4, com o mutirão de limpeza. De acordo com o cronograma informado pela Secom, entre as 8h e às 17h de sábado, serão percorridos os seguintes bairros: Flores, São Pedro, Líder e Santa Marta. O ponto de encontro da ação realizada em parceria com as ESFs (Estratégias de Saúde da Família) locais e Prudenco (Companhia Prudentina de Desenvolvimento), será na ESF do Parque Alvorada.
Ainda amanhã haverá limpeza em uma casa acumuladora do Parque Shiraiwa, na Rua Francisco Tassi, 45. A ação será realizada em conjunto com a Vigilância Sanitária e Prudenco. Durante o dia, terá também BCC (bloqueio do controle de criadouros) na Vila Formosa e nebulização em um bairro que ainda será definido.
"Temos que ter uma mobilização de toda a sociedade. Enquanto encararmos como um problema de saúde pública e não de educação, saneamento, estrutura, entre outros, vamos ficar contabilizando sofrimento de pessoas e mortes que poderiam ser evitadas", pontua Elaine Bertacco, educadora de saúde da VEM.
