A Prefeitura de Presidente Prudente informou nesta segunda-feira, quando é lembrado o Dia do Feirante, que a cidade tem 28 feiras ativas, com 240 feirantes cadastrados. Desse total, 19 são as mais movimentadas, com mais de 15 feirantes cada.
A feira da Avenida Manoel Goulart, a mais antiga da cidade, é patrimônio histórico-cultural e imaterial de Prudente, com tombamento decretado em dezembro de 2018, por meio de projeto de lei.
Entre os 240 feirantes, algumas histórias vão ao encontro dos primeiros cadastros da administração municipal: com alvará desde maio de 1976, Miguel Sotero Nozabieli é um dos comerciantes mais antigos do ramo de que há registro no sistema do setor de tributação da Prefeitura de Prudente, com 49 anos de atuação como feirante de frutas.
Seu Miguel conta que os quase 50 anos de profissão garantiram muitas conquistas à sua família, entre elas, a formação de um de seus filhos como piloto de avião. Júlio Cesar Nozabieli atualmente é comandante da Latam, em São Paulo.
Nesses muitos anos trabalhando como feirante, Miguel Nozabieli foi protagonista de momentos importantes na história das feiras prudentinas. Ele carrega consigo as lembranças de quando assumiu a presidência da Associação dos Feirantes, por cinco anos.
“Houve um período de muita preocupação para nós, entre o fim de 1979 e o início de 1980, quando o prefeito da época queria mudar o local da feira da Avenida Manoel Goulart. Chegamos a ver o projeto do novo espaço, que seria no PUM [Parque de Uso Múltiplo], mostrado pelo chefe de gabinete. Era até bonito na teoria, mas nós sabíamos que, na prática, não funcionaria”, afirmou.
Nozabieli comentou que, nesse meio século, uma das grandes conquistas para ele, tanto profissional quanto pessoal, com tanta importância quanto a formação do filho, foi o tombamento da feira livre da Manoel Goulart.
“As feiras foram os primeiros comércios do mundo. São tradição e nunca vão acabar. Na época em que quiseram mudar a feira da Manoel Goulart de lugar, a gente fez reuniões muito grandes com os feirantes para resolver esse problema. Naquela época, tinha repórter na minha banca todo dia para pegar entrevista. Graças a Deus, a gente resistiu e a feira está lá e, hoje, não só resiste, como é patrimônio tombado, ninguém tira”, expõe.
Com algumas peculiaridades, seu Miguel não percorre todas as feiras da cidade e prefere manter a tradição: vendas somente no dinheiro, nada de cartão nem PIX.
Foto: Ananias Pinheiro - Miguel Sotero Nozabieli é comerciante na tradicional feira da Manoel Goulart
O feirante Sebastião Luiz da Costa, de 77 anos, conta que está na ativa desde 1966, ou seja, há 59 anos pelas feiras de Prudente.
“Enquanto Deus me der saúde, eu continuarei trabalhando. Nem penso em parar”, afirma. Seu Sebastião veio de Martinópolis ainda adolescente e iniciou o comércio na feira com a venda de calçados. Atualmente, tem sua banca de frutas e legumes.
A filha Sueli Zinezzi da Costa, de 41 anos, acompanha o pai. “Desde pequena, com uns quatro anos, acompanhava meu pai, mas só quando não estava na escola. Minha irmã não quis, mas eu segui a vida como feirante, assim como meu pai”, conta.
Nas feiras livres de Prudente, também há gerações de mulheres que tiram seu sustento por meio do comércio de rua: Dona Brasilina, Deise Navarro e Leila, avó, mãe e filha, que viram na atividade a chance de empreender.
Apesar de Brasilina ser a matriarca, a filha Deise foi quem ingressou primeiro nas feiras da cidade e tem aproximadamente 50 anos de profissão. Hoje, ela tem sua banca de ovos e a filha, Leila, trabalha com a avó na banca de produtos variados.
Na feira do Vale do Sol, que acontece no fim da tarde de sexta, é possível encontrar a feirante Tatiane Miaki Dantas, proprietária da Banca do Tiuzinho, que está no ramo há 19 anos. O "Tiuzinho" é Anderson Dantas, marido de Tatiane. Ambos são filhos de feirantes que seguiram a profissão dos pais. Tatiane, além de filha, também é neta de feirante.
“Vinha para a feira com meus pais ainda bebê, dormia nos caixotes das frutas. Hoje, são nossos dois filhos que trabalham com a gente e são responsáveis pela seleção dos produtos e empacotamento”, comenta Tatiane.
Foto: Ananias Pinheiro - Tatiane e Anderson, o Tiuzinho, tocam banca no Vale do Sol
O casal Gilberto e Celina são moradores do bairro Terras de Imoplan, em Prudente. Estão no ramo há menos tempo que a maioria dos demais, porém, têm um diferencial: comercializam somente o que produzem: paçoca caseira sem açúcar, colorau, jaca, limão, feijão-de-corda, entre outros itens.
Pelos bairros de Prudente há 31 anos, Marli e Carlos vieram de Venceslau, onde os pais dos dois também ganhavam a vida como feirantes. Pais de três, o casal conta que, por muitas vezes, levou os filhos para o comércio de rua para poder trabalhar, principalmente as gêmeas Ana Beatriz e Maria Izabel, que também dormiam nos caixotes de frutas. Atualmente, as meninas, de 20 anos, estão na universidade e cursam Estética.
Cronograma das feiras
As 19 principais feiras de Prudente estão divididas em diferentes dias, horários e bairros da cidade. Confira o cronograma e escolha a melhor opção para uma visita a esse tradicional comércio de rua:
Segunda
17h às 21h: Jardim BongiovaniTerça
6h às 12h: Vila Industrial18h às 21h: Alto da Boa Vista (Damha)
17h às 22h: Servantes
Quarta
6h às 12h: Jardim Paulista17h às 21h: Central Park
17h às 22h: Jardim Leonor
17h às 22h: São Matheus
Quinta
6h às 12h: Cohab17h às 21h: Praça do Bacarin
17h às 22h: Ana Jacinta
17h às 22h: Parque dos Girassóis
Sexta
6h às 12h: Rua General Osório17h às 22h: Jardim Vale do Sol
17h às 22h: Novo Bongiovani
17h às 22h: Vida Nova Pacaembu
Sábado
6h às 12h: Rua Coronel Mandu17h às 22h: Avenida Manoel Goulart
Domingo
6h às 12h: Avenida Manoel Goulart