Prudentino, Timochenco Wehbi acompanhou desenvolvimento do teatro

VARIEDADES - DA REDAÇÃO

Data 14/02/2016
Horário 08:47
 

Timochenco Wehbi nasceu em Presidente Prudente, em 1943, e faleceu em São Paulo, em 1986. Era licenciado em Ciências Sociais pela USP (Universidade de São Paulo), mestre em Sociologia do teatro, doutor em Sociologia; cumpriu cursos de pesquisas, de teses e dissertações, participou de seminários e congressos.

Acompanhou vivamente o desenvolvimento do teatro na região do ABC paulista, sendo um dos fundadores do Grupo Teatro da Cidade, em Santo André, em 1968.

Dilma de Melo, professora da Escola de Comunicações e Artes da USP, atriz e encenadora, declara no livro "O Teatro de Timochenco Wehbi": "O autor não se propõe a indicar os caminhos que conduzem à salvação de seus personagens, mas sim mostrar os mecanismos que os manipulam e as dificuldades em sua superação".

Jornal O Imparcial Timochenco nasceu em PP, em 1943, e faleceu em São Paulo, em 1986

A dramaturgia wehbiana inicia sua brilhante carreira com a peça de teatro "A Vinda do Messias", em 1970, monólogo em que a atriz Berta Zemel interpreta uma mulher solitária, Rosa, que espera Messias, um homem e também, metaforicamente, a divindade. Por esse texto, Wehbi recebeu o prêmio de Melhor Autor da Associação Paulista de Críticos Teatrais. No ano seguinte escreve "Palhaços", representada por Umberto Magnani e Emílio Di Biasi.

Em 1973, obtém reconhecimento da crítica e do público com "A Dama de Copas e o Rei de Cubas", cuja ação se passa em um cortiço e mostra a relação conflituosa entre uma operária e uma aspirante à cantora. A peça é encenada em São Paulo, com Ruthinéia de Moraes e Yolanda Cardoso, e no Rio de Janeiro, tendo Vanda Lacerda, Marlene e Emiliano Queiroz no elenco. Também ganhou seu espaço em Lisboa, Portugal. Já em 1976 foi transformada em teleteatro pela TV Cultura, onde a adaptação e direção tiveram a assinatura de Sílvio de Abreu.

Com textos envoltos pelo universo absurdo, Wehbi dá vida a "A Perseguição ou O Longo Caminho que Vai de Zero a Ene", onde duas figuras, uma atrás da outra, engalfinham-se numa ininterrupta corrida sem, contudo, encontrarem-se. O diálogo entre elas é apenas aparente, sugerindo uma esfera fora da realidade.

No mesmo ano chega "Palhaços", um duelo travado nos bastidores de um decadente circo, que opõe um palhaço profissional a um "palhaço da vida". Situações que tocam o absurdo da existência humana são desenhadas em diálogos ríspidos. O próprio autor disse "eu que sou palhaço de Circo, tenho consciência da minha situação. Você é palhaço de todo mundo, a toda hora, em qualquer lugar; justamente por isso, não tem consciência da situação".

O último texto, intitulado "Curto Circuito", produzido em 1986, trata-se de um psicodrama engendrado pelas experiências do autor quando trabalhava junto a psicodramatistas. Roteiro que situa um jovem estudante frente a um aprendizado ultrapassado e reacionário.  Encenado um ano após sua morte, contou com desdobramentos propiciados pelo elenco para suprir as informações apenas indicadas.

O texto "Erro de Cálculo", outro psicodrama, permanece inacabado.

No livro "O Teatro de Timochenco Wehbi", o professor e doutor Ruy Galvão de Andrada Coelho, diz que Timó não foi um mero arrolador de dados. Mas, um espírito inquieto, pois interrogou o mundo, tentando ir além da superfície, trazendo à luz aquilo que os fatos, em si mesmos, não revelam.
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