Puxe As Alavancas Certas

OPINIÃO - Walter Roque Gonçalves

Data 20/07/2025
Horário 05:04

Muitas empresas não quebram por falta de esforço. Quebram por insistirem no erro. Estão atoladas em dívidas, queimando caixa, e os donos ainda acreditam que precisam apenas vender mais. Não é bem assim.
Negócios deficitários podem ser transformados — mas não por mágica, e sim por método. É isso que uma consultoria séria faz: puxa alavancas estratégicas que alteram o rumo da empresa. O sistema empresarial é vivo e interligado. Mudar algo no setor financeiro, por exemplo, pode alterar completamente o desempenho do time de vendas ou o ritmo de produção. Por isso, o ajuste fino é vital — e urgente.
A maior parte dos sintomas aparece no caixa. Vende-se bem, mas o dinheiro não sobra. O empresário recorre ao cheque especial, antecipação de recebíveis e financiamentos para cobrir buracos — e esse ciclo se repete até que a falência bata à porta. Parece familiar? Pois é. Essa é a realidade silenciosa de muitas empresas que, do lado de fora, parecem saudáveis, mas por dentro estão podres de endividamento.
A primeira alavanca a ser puxada: os prazos. Se sua empresa paga fornecedores em 28 dias e recebe clientes em 50, há um abismo de 22 dias que precisa ser financiado — geralmente com juros. Negociar melhor os prazos com fornecedores e acelerar as entradas de clientes pode ser o fôlego que o negócio precisava. Clientes inadimplentes? Faça uma força-tarefa, corte crédito, cobre — e, se for o caso, acione a justiça. Deixe de perder energia e dinheiro.
A segunda alavanca: as margens. Muitas empresas vendem muito, mas ganham pouco. Aumentar preços de forma estratégica e reduzir custos sem prejudicar a entrega são atitudes de sobrevivência. Negocie com todos os fornecedores — principalmente prazo. Crie vantagens para quem paga à vista. O dinheiro precisa entrar antes de sair. O lucro deve ser planejado, não torcido como um golpe de sorte no fim do mês.
A terceira: o crédito ao cliente. Seu negócio não é banco. Cuidado com a quantidade de vendas feitas a prazo sem controle. Restrinja, negocie, monitore. Quem vende sem receber, trabalha para o prejuízo — e sem perceber.
A quarta: o capital de giro. O combustível do negócio. Se bem calculado e bem gerenciado, evita sufocos. Ao contrário do que muitos pensam, capital de giro não é só empréstimo — é inteligência de gestão. Com o número certo na mão, é possível fazer aportes estratégicos que mantêm a operação viva e saudável.
Essas quatro alavancas, quando puxadas em harmonia, mudam a realidade de uma empresa. Consultorias não fazem mágica — fazem cálculo, estratégia e enfrentam os problemas de frente. E, para muitas empresas, isso é exatamente o que está faltando. Reagir antes que seja tarde ainda é possível — desde que se puxe a alavanca certa.
 

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