Dengue, gripe, COVID, hipertensão arterial, obesidade, diabetes, Alzheimer etc. Como ficar protegido dessas e outras doenças infecciosas e crônicas? Tomar vitamina C para evitar a gripe, ivermectina para evitar COVID, antiviral para evitar a dengue etc. Nada disso tem comprovação científica, ou seja, não funciona. Para maioria das doenças não existe medicamento preventivo. Exceções são as vacinas para algumas doenças infecciosas e estatinas para doenças cardiovasculares, por exemplo.
PLANO DE DOENÇA
Cerca de 25% da população possui plano de saúde, porém este serve essencialmente como um “plano de doença”, pois é utilizado pela maioria apenas quando surge algum sintoma. A população tem a “cultura reativa”, ou seja, quando acontece algo, corre atrás das providências. Numa “cultura preventiva”, o plano seria também utilizado para diminuição do risco de doenças, principalmente, com consultas regulares com médicos, nutricionistas, psicólogos etc. Os planos que incluem alguma estratégia de exercício físico regular lucram com a diminuição de doenças e do agravamento daquelas já existentes.
PREVENÇÃO PRIMÁRIA
Hábitos de higiene, vacinação, dieta equilibrada e prática de exercícios com regularidade estão entre os fatores que aumentam significativamente a proteção contra doenças. Os dois primeiros são elementares e deveriam estar bem estabelecidos para toda a população. Dieta equilibrada e prática de exercícios não são fatores tangíveis para a maioria. Quem tem condições de consultar nutricionista e praticar exercícios numa academia, clube etc com orientação de profissional, não deveria negligenciar esse privilégio.
UBIQUIDADE
Quando os músculos se contraem vigorosamente (esforço) seus efeitos são ubíquos, ou seja, repercutem em todos os sistemas fisiológicos e órgãos, pois estes são ativados e contribuem de alguma forma para a continuidade da contração muscular. Alguns sistemas fisiológicos até mesmo se adaptam para funcionar com maior eficiência durante o esforço (ex. coração, sistema circulatório e nervoso).
PROTEÇÃO
As moléculas que conferem mais proteção contra doenças ainda são pouco conhecidas. São as miocinas, proteínas específicas produzidas pelos músculos durante o esforço vigoroso. As miocinas não são encontradas em nenhum alimento e, muito menos, em farmácias. A única fonte é o músculo em exercício, que assume a função de protetor. A prática regular de exercícios é o estímulo mais eficiente (além das vacinas) para fortalecer o sistema imune, tornando-o mais competente no combate aos antígenos que causam doenças. Os shots criativos dos gurus da saúde e as doses cavalares de vitamina C (0,5g, 1g, 2g) não têm qualquer efeito no sistema imune, a não ser que a dieta esteja pobre nessa vitamina.
ESTÍMULO E ADAPTAÇÃO
O nível de adaptação dos músculos e sistemas fisiológicos, e proteção contra doenças são proporcionais aos estímulos aplicados, ou seja, o volume (duração) e intensidade (cargas) do exercício. Estímulos leves proporcionam adaptações modestas e limitadas. O princípio do treinamento das cargas progressivas deve ser aplicado por um bom profissional de Educação Física. A partir do momento que a pessoa sai do sedentarismo e se torna fisicamente ativa, o programa de treinamento deve proporcionar a evolução gradativa e continua do condicionamento físico. Atingindo o patamar bom, muito bom ou excelente estará garantindo um nível de proteção elevado contra doenças.
O nível de adaptação dos músculos e sistemas fisiológicos é proporcional aos estímulos aplicados, ou seja, o volume e intensidade do exercício.
Referências
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2 julho 2025