Depois de nove meses de gestação intrauterina, temos a alegria do nascimento de uma criança. Quando ela nasce, também nascem novos pais e avós, transformando a vida de todos eles. Aos novos pais, têm acrescida em suas vidas a função de cuidar e educar os filhos. Tarefa muito difícil. Para os novos avós, do mesmo modo, ocorrem ligeiras transformações, aflorando novamente o sentimento maternal (ou paternal), só que mais maduro e protetivo, muitas vezes compensando o tempo perdido com os próprios filhos.
Se um feto precisa de 38 semanas para sua formação intrauterina, o que é preciso para nascer um adolescente saudável? E um adulto? Após o nascimento, a criança precisa do comportamento protetivo dos pais. Entretanto, este comportamento protetivo, na medida que a criança cresce, deve fazer que ela assuma paulatinamente suas responsabilidades, de maneira proporcional ao seu desenvolvimento e idade.
Depois de 12 anos em média, com o início das atividades hormonais, nasce o adolescente. Aqui inicia uma transformação rápida de seu corpo, mas com mentalidade ainda infantil. Nesta fase, o filtro de defesa cerebral ainda é precário (faltam-lhes sabedoria), levando às vezes à prática de atos perigosos ou de risco sem medir as consequências, como se fossem um carro novo, potente, mas com problemas nos freios (na juventude, aumenta em 25 % as mortes violentas). Na adolescência, o desafio dos pais é impor limites para alguém que já se julga adulto, sábio, forte e independente. Se os pais perderem o controle, deixando de serem fontes de inspiração, perderão aos poucos autoridades sobre eles. O prejuízo pode ser grande, pois os filhos buscarão outras fontes, abrindo caminhos perigosos em suas vidas.
Após alguns anos, que varia entre os 18 até aos 28 anos de idade, nasce o adulto. Utilizei a palavra “nascer” para as mudanças de fases, e associarmos à parábola da borboleta, daquela em que o homem corta o casulo para liberar a borboleta que lutava para sair, desconhecendo que o sofrimento, a força, e a luta para sair do casulo eram indispensáveis para a ela criar forças em suas asas e voar.
Muitos pais acabam interferindo indevidamente nos “casulos” dos filhos. Deixam de impor limites, cedem com facilidade ou presenteiam excessivamente, prejudicando no seu amadurecimento, onde acabam no futuro tendo dificuldades em lidar com frustrações. Quando os pais erroneamente abrem os “casulos” dos filhos, prejudicam seriamente no seu amadurecimento emocional, podendo ter um adulto com sua capacidade de “voar” limitada. Muitos pais também sonham com filhos de sucesso, colocando-os em escolas caras e em vários cursos extracurriculares. Não que seja irrelevante. Pelo contrário, enriquece em muito o conhecimento dos filhos. No entanto, os pais têm que saber que escolas e cursos não substituem a educação familiar, que é responsável por 80 % do sucesso de uma pessoa.
O adulto saudável nasce, portanto, quando as fases anteriores foram corretamente cumpridas, onde os “casulos” foram rompidos pelo próprio indivíduo, permitindo seu crescimento emocional, claro que com o devido estímulo e cuidado dos pais.
