Quais as determinantes que conduzem o homem a buscar a realização de um ideal depois de se fartar de ser acolhido como um ídolo e se transformar em objeto de veneração por tantos torcedores que por tantos anos o acompanharam e aplaudiram? Lembro-me de Osvaldo Brandão, vindo do Rio Grande do Sul, ainda um desconhecido que sonhava com a carreira de jogador de futebol e buscava no grande centro um lugar ao sol. Era apenas um jogador de qualidades medianas e se valia muito mais da força de vontade e da vontade dessa força para abrir um caminho como lateral numa equipe como o Palmeiras. A mão do destino interferiu mudando sua trajetória e uma contusão no joelho a quem ainda nada havia feito de positivo colocou um ponto final naqueles sonhos acalentados desde a pequena cidade de onde procedia. De imediato iniciou-se uma carreira das mais vitoriosas na história do nosso futebol e ao mesmo tempo que os sonhos de ser um jogador profissional emudeciam eram cobertos pelos estridentes dos aplausos que a nova empreitada ensejava. Se não dava para jogar iria ensinar os que isso pretendiam. A carreira de Osvaldo Brandão iniciou-se assim. Sem planejamentos, sem sonhos, diria que até sem pretensões. Dirigiu muitas equipes, mas duas ficaram marcadas de forma indelével na sua trajetória de muitas vitórias. Culpa daquele joelho. Derrotas? Palmeiras e Corinthians podem atestar o quão vitoriosa foi a carreira iniciada sem sonho nem preparo. Vejam a diferença agora retratada no episódio que envolve Rogério Ceni. Ídolo maior de um clube que já teve figuras gloriosas como Leônidas da Silva o goleiro Rogério tinha tudo para encerrar sua passagem pelo futebol como alguém realizado ao paroxismo. O sonho de ser técnico no clube onde se consagrou como jogador foi maior do que suas pretensões de ser humano tinham alcance para agasalhar. Rogério jamais deveria ter incluído essa idéia de ser técnico do São Paulo. Ali alcançara o máximo, ali atingira um nível que ninguém jamais poderá superar. Depois de ser o grande goleiro, de ser um dos maiores artilheiros do clube jogando numa posição onde fazer gols não é o objetivo Rogério lançou-se a campo e foi buscar o lugar com que sonhava. A vida dá voltas inacreditáveis. E a injustiça falou alto quando os resultados não vieram de imediato. A covardia dos dirigentes que se escondem atrás dos resultados e facilmente se descartam dos mesmos jogando toda culpa para cima dos técnicos falou mais alto. Rogério não será técnico do São Paulo. Em minha opinião não será técnico em lugar nenhum.