Quando as contas apertam, as vendas caem e o caixa seca, a sensação de fracasso parece inevitável. Mas há um ensinamento poderoso vindo de alguém que conhece essa realidade de perto: Geraldo Rufino, empreendedor brasileiro que já “quebrou” seis vezes, nunca se considerou falido.
A diferença entre quebrar e falir está no que permanece depois da perda. Para Rufino, só enfrenta a falência quem perde os valores, a dignidade, a capacidade de olhar no olho dos outros e seguir com credibilidade. O dinheiro pode acabar, mas caráter não pode ser extraviado no mesmo movimento. Essa visão inverte a lógica tradicional que associa sucesso a saldo bancário. Ao enfatizar a integridade como ativo essencial do empreendedor, Rufino traz uma mensagem poderosa: o que realmente sustenta um negócio, em qualquer tempo, é o valor humano por trás da empresa.
Essa perspectiva é especialmente importante em momentos de crise. Muitos empresários vivem a angústia de não saber se conseguirão honrar compromissos ou manter a empresa de pé. Há uma pressão emocional que ultrapassa o aspecto financeiro: o medo de decepcionar a família, os colaboradores, os clientes. Nessa hora, é comum buscar culpados externos — o governo, o mercado, a pandemia, a concorrência — numa tentativa de aliviar a própria responsabilidade. Mas Rufino alerta: não terceirize o problema. Assuma. Quando o empreendedor encara a realidade e assume as decisões, mesmo que sejam decisões difíceis, ele passa a ter controle da situação. E controle é o primeiro passo para a recuperação.
Esse processo exige coragem. Encarar erros, admitir falhas, enfrentar dívidas e fazer ajustes duros não é tarefa fácil. Rufino costuma dizer que cada vez que perdeu tudo, voltou com mais sabedoria, mais foco e mais clareza. Ele não romantiza a queda, mas a utiliza como oportunidade de aprendizado e crescimento pessoal e profissional. E essa talvez seja sua maior lição: cair não é o fim, é parte do processo.
O caixa pode estar vazio, mas a esperança precisa continuar cheia. Ainda há caminhos, ainda há tempo. O importante é não abandonar os princípios, não romper com a verdade e não desistir de si mesmo. Porque o dinheiro, como diz Rufino, vai e volta. Mas quem perde a fé em si e nos próprios valores, esse sim corre o risco de não voltar mais.
Que estas palavras renovem a esperança de quem se vê sufocado pelas contas e incertezas do agora. Estar sem dinheiro não significa estar derrotado. Talvez esse período seja apenas uma travessia — dura, mas necessária — para amadurecer, ajustar rotas e reencontrar o fôlego. Às vezes, o recomeço se disfarça de fim, quando na verdade é só o preparo silencioso para um novo capítulo de conquistas.