Quedas de raios na região aumentam 18,6%

De janeiro a outubro de 2023, foram 1.158.957 descargas elétricas, o que representa 182.230 registros a mais que em 2022, que acumulou 976.727

REGIÃO - MELLINA DOMINATO

Data 07/01/2024
Horário 04:00
Foto: Maurício Delfim Fotografia
Região registrou crescimento no número de descargas elétricas em 10 meses
Região registrou crescimento no número de descargas elétricas em 10 meses

O Elat/Inpe (Grupo de Eletricidade Atmosférica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) contabilizou, de janeiro a outubro de 2023, 1.158.957 descargas elétricas na região de Presidente Prudente. Isso representa 182.230 registros a mais que no mesmo período de 2022, quando 976.727 raios caíram nos 53 municípios do oeste paulista, uma alta de 18,6%.

Docente do Programa de Pós-graduação em Geografia da FCT/Unesp (Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista), em Prudente, o professor doutor José Tadeu Garcia Tommaselli explica que um aumento no número de descargas elétricas na atmosfera significa maior quantidade de nuvens cumulonimbus – nuvens de trovoadas –, o que pode ser traduzido, por fim, como “mais chuvas”. 

“A comparação entre um ano e outro não nos possibilita uma análise mais aprofundada, apenas que em 2023 houve mais formação de chuvas que em 2022, o que é facilmente verificável nos dados de precipitação de Prudente”, relata Tommaselli. Revela que, em 2022, no ano todo, choveu 1.268 milímetros na capital do oeste paulista, enquanto em 2023, de janeiro a novembro, foram registrados 1.385 mm.

El Niño

O professor doutor revela que o cenário previsto para 2023 era o estabelecimento de um El Niño. “O que se comprovou. Normalmente, em anos de El Niño, chove mais na parte Sul do Brasil”, comenta. Sobre a possibilidade de aumento de quedas de raios na região, nos próximos anos, frisa que “não há como prever”. “Em hipótese, em anos mais quentes há mais formação de cumulonimbus e, por consequência, mais raios”, pontua.

Tommaselli ainda expõe que, segundo os serviços meteorológicos de grande parte do planeta, há uma clara tendência de aquecimento global, bem como de aumento de eventos mais intensos de precipitação. “Quando se tem uma atmosfera mais quente, há formação de uma maior quantidade de nuvens cumulonimbus, o que se traduz em maior quantidade de raios. Outro aspecto importante, o Brasil é o país do mundo onde mais caem raios, da ordem de 79 milhões por ano, por ser um país localizado na região tropical e por ser muito extenso geograficamente”, complementa.

Cuidados recomendados

Em caso de temporais com possibilidade de descargas elétricas, alguns cuidados devem ser tomados e a atenção deve ser redobrada, orienta o professor doutor. Recomenda que sejam evitados espaços abertos e locais com “muita água”.
“Se estiver em local aberto e começar a chover com raios e trovoadas, é melhor se manter abaixado. Evitar ficar próximo a locais com objetos mais pontiagudos – árvores, por exemplo –, pois eles funcionam como para-raios – na realidade atraem os raios para eles. Ficar distante de equipamentos elétricos com fios, principalmente dos que têm antenas, como rádios e TVs”, alerta Tommaselli.

Saiba mais

Um infográfico divulgado pela Elat/Inpe em seu portal oficial demonstra como se formam os raios. A ilustração evidencia que o raio é uma descarga elétrica que ocorre geralmente durante uma tempestade entre partículas com cargas negativas nas nuvens e positivas no solo. Primeiro, o aquecimento do ar provocado pelo fenômeno gera um “clarão”. O deslocamento do ar causado pelo aquecimento gera uma onda sonora que conhecemos como trovão. Por fim, o para-raios atrai a descarga elétrica e a conduz para o solo, evitando estragos para edificações.

Foto: Divulgação/Elat - Infográfico demonstra como se formam os raios

Publicidade

Veja também