Acho muito bonita a frase “Quem inventou o amor?”, que está na música “Antes das Seis”, da banda Legião Urbana.
Pois é, sou desses que se emocionam com uma boa letra de música, mas acho que as pessoas que levam o amor a sério já se entregam por aí, pela sensibilidade a flor da pele.
Razão não combina muito com amor porque tira dele justamente o que o faz ser maravilhoso: a indiferença.
Explico: quem ama é indiferente a tudo e a todos. Quem ama não enxerga o mal e nem a estética. O feio e o belo não existem para o amor. A inteligência e a falta dela também. Muito menos questionamentos de valor, caráter e moral. Para o amor, tudo vale, desde que seja puro e verdadeiro.
Na letra de “Antes das Seis”, Renato Russo e Dado Villa-Lobos ainda cravam duas outras singularidades do amor: a cumplicidade e a fidelidade: “Enquanto a vida vai e vem, você procura achar alguém que um dia possa lhe dizer: quero ficar só com você.”
Nada mais justo para esta condição de vida que é o amor. Ou somos cúmplices e fiéis ou não conseguiremos manter viva a chama que nos une.
Amar é dividir os mais escondidos dos segredos, as mais estranhas manias e ainda assim querer ficar tão juntinho, mas tão juntinho, que a mínima possibilidade de distância já é motivo para dores imensas.
Camões ensinou que o amor “Transforma o amador na coisa amada,
por virtude do muito imaginar; não tenho, logo, mais que desejar,
pois em mim tenho a parte desejada.”
Não enxergo definição mais clara da dor e do desejo que o amor provoca.
Então, você está pensando: “Mancuzo, você está amando?”
Claro que sim! Aliás, penso que nunca deixei de estar assim porque amor para mim é a visão de Aristóteles de que amamos tudo aquilo que um dia conseguimos por vontade e persistência próprias. Amo a minha vida e tudo que já vivi e conquistei. Amo quem está perto de mim porque simplesmente quer estar e amo mais ainda quem não quer porque talvez esta seja a mais bela resposta a ser dada.
Mas, sobretudo, também amo quem precisa ser amado e aí, digo com todas as letras: não há amor que mais me complete.
Este é o Ágape, o amor de não querer nada em troca, o amor pela diminuição da dor e do sofrimento, o amor pela alegria em ver o outro feliz ou em paz, mesmo que nem tenhamos qualquer tipo de intimidade.
Quem melhor nos ensinou sobre este amor foi o homem mais sábio e amoroso que já passou por este planeta, Jesus Cristo, e eu não vejo motivo algum para ignorar um ensinamento que me faz tão bem.
Enfim, sintam-se amados com esta crônica de amor.
E se ninguém te disse isso hoje, falo eu: amo você!