Pregador Luo. O rapper tem um nome respeitado nas culturas black e hip hop do país e uma das principais vozes da música cristã brasileira, sendo o inventor do rap-gospel nacional. Com canções de conteúdos espirituais, motivacionais e pegadas rítmicas atuais como podem ser ouvidas em seu novo trabalho, “Retransmissão”. A originalidade conquistou milhares de fãs em todo o Brasil e alavancou as vendas dos seus 14 CDs e dois DVDs. Detalhe: é comum ver atletas de MMA entrando nos octógonos antes de suas lutas, como Anderson Silva, por exemplo.
Qual é a proposta do CD “Retransmissão”? Todas as músicas são autorais?
Este novo trabalho traz um rap sobre os meus valores e a minha sinceridade, sem intermediários ou palavras de outras pessoas na boca. É sobre ser sincero, propulsar valores e buscar ideais. Sim, todas as músicas são autorais, reeditadas e repaginadas, para trazer uma linguagem atual, que agradasse as pessoas.
Como surgiu a ideia de convidar o Luciano Clau e o KLB para participar de canções do disco?
Eu conheci o Luciano Clau em 1998 e desde então ele passou a fazer música comigo. Há muitos anos, começamos em disquetes, mandávamos para o estúdio e as manipulávamos. Já o KLB eu tive bastante contato em 2006, quando eles me convidaram para cantar a música ‘Obsessão’ com eles e, a partir daí, sempre tivemos bastante contato pessoal e musical. É importante valorizarmos as pessoas que estão com a gente desde os momentos passados, e que se mantém até agora.
Você está no rap nacional há 29 anos. Quando se converteu ao cristianismo, você inventou a proposta do rap-gospel e conseguiu conquistar seu espaço no meio. Como surgiu a ideia e como você vê sua conquista?
Sabe aquele gol, que é quando você alcança a meta de tudo o que vem preparando para sua vida? É mais ou menos o que eu sinto. Quando um jogador grita gol, ele grita meta alcançada, e eu acredito que essa conquista foi o alcance de uma que coloquei em minha vida. Eu não vim ao mundo para pregar religião, eu vim ao mundo para difundir o bem, a paz e o amor, para que todos tenhamos boas convicções e equilíbrio. É isso o que eu quero oferecer com o meu trabalho.
Você sofreu preconceitos ao entrar para o mundo da música gospel, cantando rap?
Bastante. As pessoas confundem as coisas e julgam sem nem mesmo conhecer. Mas, eu acredito que todo trabalho que é verdadeiro e que ressalta coisas importantes para a vida, de nós seres humanos, uma hora é aceito. Não é fácil sofrer preconceitos, mas se você acredita no que faz, se dedica para isto e mostra sua verdade, uma hora seu reconhecimento chegará.
Suas canções são “temas de entrada” de muitos lutadores brasileiros de MMA, como o Anderson Silva. Como que você se sente sendo inspiração para atletas renomados?
Isto foi algo conquistado com o tempo. Antes dessas oportunidades que eles me deram, lá atrás, foi necessário eu me tornar um amante e respeitador das artes marciais. Eu conversei com eles, para saber de suas histórias de vida, de superação e busca por seus objetivos, e ofereci meu rap como forma de comunicação. Esta oportunidade virou o álbum ‘Música de Guerra’, que conta com a participação do eterno cantor Chorão. Eu sempre respeitei o mundo do MMA e esta foi minha forma de ajudá-los a difundir esta arte.
Sua interação com os fãs no Twitter é grande. Qual a importância disso? Sempre foi algo presente em você, como artista?
Eu entendo que mais importante que o mundo digital, é o mundo físico. Mas, a internet pode ser usada como forma de aproximação, uma vez que o mundo digital, na verdade, causa distanciamento. Eu, como apreciador do trabalho de outras pessoas, também vou ao show de artistas que eu gosto esperando que ele me note, repare, dê um autógrafo e isso é essencial para os fãs. Se o cara é prepotente, ele vai querer esse culto de pessoas cercando, enquanto ele finge superioridade. Eu acho isso exacerbado, pois milhões de pessoas me conhecem nas redes sociais, mas precisam entender que é um mundo real. Eu tento atender às expectativas dessas pessoas, uma vez que a maioria delas só me dizem coisas boas. Por isso eu busco devolver a eles, pelo menos boa impressão como um retorno.