A visão é, para a maioria das pessoas, o principal meio de perceber aquilo que a cerca. A escuridão, por sua vez, é uma realidade temida e que pode deixar muitos em situação de desespero. Agora, imagine estar em um espaço onde todos os elementos ao seu redor não podem ser vistos, apenas sentidos, e tudo o que você vê é o completo vazio? Este é justamente o objetivo do espaço sensorial que o Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial) disponibiliza até sábado para a população, que tem a oportunidade de vivenciar o cotidiano de uma pessoa com deficiência visual. De acordo com a coordenadora de curso da área de Desenvolvimento Social, Lígia Iboshi Caravella, a atividade, disposta no auditório da instituição, fomenta quatro sentidos dos visitantes por meio de um circuito com quatro etapas: tato, paladar, olfato e audição.

Participantes tiveram olhos vendados para fomentar o tato, paladar, olfato e audição, por meio de circuito com quatro etapas
Primeiramente, o indivíduo coloca uma venda nos olhos e, acompanhado por um guia, desenvolve a sensação do tato a partir do toque com os pés e as mãos em diferentes superfícies. Em seguida, ele é guiado a uma mesa onde é desafiado a identificar alimentos e aromas somente com o paladar e o olfato. Por fim, o visitante ouve o barulho de determinado elemento, que, segundo Lígia, se torna mais intenso e perceptível quando há ausência de visão.
O estudante Leonardo Martins, 18 anos, foi uma das pessoas que experimentaram a vivência na manhã de ontem. Para ele, a atividade possibilita "sentir na pele o dia a dia de um deficiente visual". Ele destaca ainda a questão de ter um guia para acompanhar os visitantes, o que inibe a sensação de independência atribuída àqueles que são capazes de enxergar. "Ser carregado durante as etapas do circuito transmite um sentimento de dependência muito forte, ao qual não estou habituado", afirma.
A estudante Andrezza Mattos, 19 anos, tirou a venda dos olhos com muita expectativa e surpresa. A garota classifica a experiência como "muito diferente" e menciona que o fato de não poder enxergar aquilo que está fazendo provoca estranheza. "A gente sente muito medo de tocar aquilo que não está vendo, algo muito comum para aqueles que não partilham o dom da visão", aponta. A estudante Thais Vergílio Nogueira, 19 anos, por sua vez, achou a atividade "inovadora". "Permite que a gente sinta melhor as coisas aguçando os outros sentidos", pontua.
Evento
O espaço sensorial compõe a 3ª Semana Senac de Inclusão e Diversidade, iniciado na segunda-feira e com término no sábado. De acordo com Lígia, a programação de atividades visa discutir a garantia dos direitos humanos e a defesa de grupos minoritários. "O propósito é trazer temas que possam promover a reflexão sobre a inclusão e diversidade", salienta. A coordenadora destaca que, além do espaço sensorial, estarão abertas ao público rodas de conversa e exposições de arte, como, por exemplo, quadros de pintura feitos por pessoas com deficiência intelectual, que são egressos do Senac. Aos interessados em vivenciar a experiência sensorial no auditório, Lígia frisa que é aberto, contudo, o indivíduo precisa fazer o agendamento da visita, por meio do setor de atendimento da instituição ou pelo telefone 3344-4400.