A região de Presidente Prudente é considerada a quinta maior produtora do Estado de São Paulo na fabricação industrial de couro. É o que revelam os dados da Fundação Seade, divulgados ontem pelo governo do Estado. O estudo, que aponta o ano de 2016 como o último período analisado, mostra que 5% do produzido em âmbito estadual foi na região. Assim, a regional fica atrás de região de Penápolis (SP), com 7%, e à frente de Jaú (SP), com 4,7%. O montante de produção, em números inteiros, não foi contemplado na pesquisa.
Na análise do período e atrelando o cenário, quem trabalha no meio garante que a região de Prudente é uma das grandes produtoras do Estado, como interpreta o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Artefato e Curtimento de Couro. Mas por outro lado, o presidente, Vicente Lopes da Silva, diz que é “necessário ressaltar” que a crise assolou o setor.
“Com o passar dos anos, registramos uma queda na produção, de forma acentuada, que afeta a economia, emprego, etc. É uma redução drástica e que ainda continua ocorrendo. No entanto, como é uma situação em todo o país, todos sofrendo, a região não deixa de ser uma grande produtora”, complementa Vicente. Um dos motivos pontuados pelo representante da classe é a guerra fiscal entre Estados, na cobrança de impostos, que “em 2014 ficou mais acentuada”, e impulsionou a migração de muitos empresários para outras localidades, como Goiás.
O estudo da Fundação Seade sustenta a fala do presidente sindical, uma vez que traça um panorama da produção do segmento de 2003 e 2016. Nessa época, há 16 anos, a regional de Prudente representava 8,2% do que era produzido no Estado, sendo assim a quarta maior produtora, como aponta o levantamento analisado. Mesmo sem muita mudança no ranking, o percentual do produto caiu pouco mais de três pontos percentuais.
Certo é que, seja em 2003, 2016 ou agora, o segmento de couro ainda é uma das peças mais importantes para a indústria. Isso é o que declara o diretor regional do Ciesp/Fiesp (Centro/Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Wadir Olivetti Junior. “Estamos concentrados numa região que possui um grande abate de animais, onde a matéria-prima fica por aqui. Estamos falando de processamento do couro, exportação, confecção, entre outros”, frisa.
Mas assim como a indústria como um todo, e os demais segmentos de mercado do trabalho, Wadir lembra que não foram anos fáceis, os últimos, pensando na crise financeira acentuada.
Mudança de cenário
De 2003 a 2016, e até mesmo hoje, a única coisa que não mudou foi a composição de empresas em Presidente Prudente - maior cidade da região. De lá pra cá, o total produzido ainda vem da soma dos trabalhos de três curtumes.
Mas pra mostrar como a queda acentuada na produção pode afetar o mercado de trabalho, o sindicato do setor ilustra, com números aproximados, o que houve nesse período. Primeiramente, Vicente destaca que “os anos de ouro do segmento ficaram entre 2006 e 2008. “E nessa época, os três curtumes da cidade empregavam uma média de 3,6 mil funcionários. Hoje, os mesmos locais somam por volta de 600 trabalhadores”, pontua.
Para ele, por mais que haja o esforço das empresas, a queda na produção “infelizmente” vai sempre afetar os quadros de funcionários. “São adequações que, querendo ou não, precisam ser feitas para continuar trabalhando”, finaliza.
Em números
Em 2016, Franca liderou a produção de couro e artefatos de couro, com 38,6%, Lins (13,4%), Birigui (10,7%), Penápolis (7,0%), Prudente (5,0%), Jaú (4,7%), São Paulo (2,7%), Barretos (2,5%), Mogi Mirim (2,3%) e Jales (1,8%). Já em 2003, o ranking dos dez maiores produtores era formado por Franca (34,6%), Birigui (13,4), Lins (10,5%), Prudente (8,2%), Guarulhos (5,9%), São Paulo (4,5%), Jaú (3,8%), Penápolis (3,4%), Mogi Mirim (2,0%) e Mococa (1,8%).
