Região registra superávit comercial de US$ 384,3 milhões no 1º semestre, aponta Ciesp

Com 20% das exportações destinadas aos Estados Unidos, nova tarifa imposta por Donald Trump deverá comprometer desempenho regional nos próximos meses

REGIÃO - MELLINA DOMINATO

Data 24/08/2025
Horário 07:30
Foto: Freepik
Carnes e açúcares estão entre produtos mais exportados pelo oeste paulista
Carnes e açúcares estão entre produtos mais exportados pelo oeste paulista

No primeiro semestre, as exportações na região de Presidente Prudente totalizaram US$ 454,8 milhões. As importações, por outro lado, somaram US$ 70,5 milhões, um crescimento de 71,9% em relação ao mesmo período do ano passado, resultando em um superávit de US$ 384,3 milhões, revela o Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo).

O diretor regional do Ciesp, Itamar Alves de Oliveira Junior, explica que a alta considerável nas importações é bem-vista, já que as compras, em sua maioria, são de equipamentos e materiais. “Significa que as empresas estão se modernizando. Então, acho que caminha bem essa situação. Quanto às exportações, estas foram muito semelhantes ao ano passado. Então, quer dizer que a gente vem mantendo uma constância”, considera.

No período analisado, ainda conforme o Ciesp, os principais destinos das exportações do oeste paulista foram: China (26,8%), Estados Unidos (20%) e México (4,5%). Já as compras tiveram como origens mais relevantes: China (38,4%), Estados Unidos (22,9%) e Rússia (10,1%).

No que diz respeito aos principais produtos exportados, estes foram: carnes e miudezas comestíveis (28,7%), açúcares e produtos de confeitaria (19,1%) e matérias albuminoides, colas e enzimas (12,6%). As importações foram, principalmente, de bebidas, líquidos alcoólicos e vinagres (19,3%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (16,4%) e produtos diversos das indústrias químicas (12%).

Levando em consideração que 20% das exportações da região são voltadas aos Estados Unidos, cujo presidente, Donald Trump, assinou um decreto que implementou uma tarifa adicional de 40% sobre os produtos exportados a tal país pelo Brasil, elevando o valor total da taxa para 50% desde o dia 6, Itamar adianta que tal medida deve comprometer o mercado regional.

“Com certeza, pode haver aí uma diminuição nesse próximo semestre, se não houver acordo algum. Então, quer dizer que as empresas devem sempre tentar buscar mais mercados para diminuir a dependência dos Estados Unidos. A carne e o açúcar, que são muito produzidos aqui, serão impactados diretamente pela nova tarifa”, alerta o diretor regional.

Brasil Soberano

No dia 13, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lançou o Plano Brasil Soberano, conjunto inicial de medidas para mitigar os impactos econômicos do “tarifaço” de Trump. Segundo o Ministério da Fazenda, o projeto é composto por ações separadas em três eixos: fortalecimento do setor produtivo; proteção aos trabalhadores; e diplomacia comercial e multilateralismo.

“As ações buscam proteger exportadores brasileiros, preservar empregos, incentivar investimentos em setores estratégicos e assegurar a continuidade do desenvolvimento econômico do país”, destaca o governo federal. As medidas direcionam R$ 30 bilhões do FGE (Fundo Garantidor de Exportações) para crédito com taxas acessíveis, além de ampliar as linhas de financiamento às exportações; prorrogar a suspensão de tributos para empresas exportadoras; aumentar o percentual de restituição de tributos federais, via Reintegra; e facilitar a compra de gêneros alimentícios por órgãos públicos.

Sobre o plano, o diretor regional do Ciesp pontua que, em sua opinião pessoal, como exportador, a apresentação da medida pela União foi uma providência considerada “lenta”. “Já deveria ter feito isso há muito tempo, porque aquelas empresas que foram pegas de surpresa naquele momento não conseguiram embarcar os seus produtos e, consequentemente, não estão conseguindo fazer a antecipação de crédito dessas exportações”, cita.

“Quando você faz a antecipação de crédito dessas exportações, o mercado gira em torno de 6% a 6,5%. E, quando você tem Proex [Programa de Financiamento às Exportações], os juros são entre 2% e 3%. Então, o governo está apresentando esse plano, mas a que taxa de juros? Se for em taxa Selic [Sistema Especial de Liquidação e de Custódia] ou acima da Selic, é insustentável. É colocar rapidamente essas empresas na UTI [Unidade de Terapia Intensiva]”, frisa Itamar.

“Mas a coisa mais importante nessa situação é, efetivamente, o governo brasileiro procurar o governo americano, sentar na mesa e negociar. Isso, infelizmente, não está sendo feito. O nosso presidente não está buscando o presidente dos Estados Unidos como fizeram todos os outros presidentes, porque a taxação não está sendo feita somente para o governo brasileiro, está sendo feita em todo o mundo. Só que os outros países, em vez de ficar brigando, procuraram o governo americano, sentaram na mesa e muitos já resolveram, como foi o caso da União Europeia. E o governo brasileiro não fez isso, que é a única coisa que vai resolver a situação”, pontua.

Foto: Arquivo - Segundo Itamar, exportações podem cair se não houver acordo

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