Reitoria da Unesp propõe fusão entre os campi de Rosana e PP

Coordenador executivo do Campus Experimental dá indicações de que a ideia é transferir o curso de Turismo para a capital do oeste paulista

REGIÃO - MARCO VINICIUS ROPELLI

Data 20/06/2020
Horário 06:44
Cedida - Rosana, na beira de importantes rios e com hidrelétrica, possui os cursos de Turismo e Engenharia de Energia
Cedida - Rosana, na beira de importantes rios e com hidrelétrica, possui os cursos de Turismo e Engenharia de Energia

Chegou via e-mail, aos servidores do Campus Experimental da Unesp (Universidade Estadual Paulista) Júlio de Mesquita Filho, de Rosana, no dia 12 deste mês, uma mensagem que surpreendeu muitos: a proposta enviada pela reitoria que propõe discussão acerca da possível fusão dos campi de Rosana e de Presidente Prudente, a FCT (Faculdade de Ciências e Tecnologia). Rapidamente, o assunto ganhou à boca do povo rosanense e das instituições que representam a sociedade civil, todas contrárias à fusão, que em suas visões, poderia causar impactos negativos nos âmbitos sociais e econômicos do município.

Algumas informações indicavam que a decisão sobre a fusão, ou não, deveria ser tomada até dia 18, data que é negada pela assessoria de imprensa da universidade, que reitera que tal discussão com a sociedade leva tempo, “não será de um dia para o outro”.

Segundo o coordenador executivo do Campus Experimental de Rosana, Guilherme Henrique Barros de Souza, em carta aberta à população, a proposta da reitoria é de um estudo e não imposição, e garante: “A Unesp não sai de Rosana e nem os cursos de graduação serão fechados”. Pelo que se nota na declaração, a possibilidade mais clara é que o curso de Turismo seja transferido para Prudente e o campus de Rosana siga com o curso de Engenharia de Energia (o campus possui apenas os dois cursos de graduação citados). Ele promete, ainda, manutenção de empregos e afins (veja box).

“A crise econômica e a crise acadêmica que atingem a universidade é séria e não pode ser negligenciada. A sustentabilidade de todos nós enquanto Unesp, não somente o campus de Rosana, precisa ser discutida de modo sério e sem paixões”, afirma, ao comentar a baixa de alunos que o curso de Turismo vem enfrentando.

Mobilização da sociedade

A técnica administrativa da área acadêmica da Unesp de Rosana, Alexandra Ramalho, 40 anos, afirma que foi, realmente, uma surpresa. “Vemos que nossa região é muito mitigada por estarmos longe dos centros [Rosana está a cerca de 800 quilômetros de São Paulo e 200 km de Prudente]. Há muito tempo os campi experimentais já sofrem, são perseguidos. Não devem nos aniquilar com adoções de medidas desesperadas”, enfatiza.

Segundo ela, inúmeros órgãos estão se mobilizando contra a proposta, enviando petições à reitoria da universidade, entre as quais, a própria Prefeitura de Rosana, OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), entidades, vereadores e deputados, como o deputado estadual Ed Thomas (PSB). Ed enviou ofício ao governador João Dória (PSDB), no qual afirma: “essa fusão é inviável, pois Rosana não fica menos de 200 km de qualquer outro campus da Unesp”.

A Prefeitura também se manifestou contrariamente à fusão. Em ofício assinado pelo prefeito Silvio Gabriel (PSD), o Executivo aponta a importância da universidade para a cidade e região do Pontal do Paranapanema.

“Os cursos de Turismo e Engenharia de Energia se enquadram perfeitamente ao perfil do município, agregando valores imensuráveis ao município, que tem se destacado por seu potencial turístico e dispondo de duas usinas hidrelétricas disponibilizando meios de aperfeiçoamento profissional nos cursos vinculados ao campus local. Além disso, a universidade fomenta a economia local com a vinda de seus estudantes para residir na cidade, movimentando o comércio imobiliário, varejista, de gêneros alimentícios, dentre outros, sendo que, eventual fusão e redução e/ou extinção de cursos, implicaria em severos prejuízos”, diz.

 

(((BOX)))

O coordenador executivo aponta oito diretrizes a seguir sobre qualquer proposta a ser construída:

1. Que todos os envolvidos no processo tenham seus empregos garantidos pela administração central, bem como as adequações necessárias se for o caso;

2. Que a comunidade munícipe continue com acesso ao ensino superior público, gratuito de qualidade;

3. Que seja garantida uma estrutura mínima organizacional em Rosana, autônoma, para que as estruturas e condições de trabalho não sejam sucateadas. A estrutura vigente já é mínima e tranquilamente poderia continuar existindo dentro da estrutura organizacional da FCT em Prudente ou em uma outra configuração;

4. Que sejam garantidas as condições de permanência estudantil dos estudantes de Turismo em Prudente e em Rosana durante o período de transição e que não haja prejuízo aos estudantes de Engenharia de Energia que continuarão no campus de Rosana;

5. Que a unidade de Rosana tenha garantias de orçamento para que as condições e estruturas continuem a ser cuidadas com máximo de zelo possível;

6. Que o curso de Turismo na FCT tenha condições garantidas pela administração central para se fortalecer e crescer, sem prejuízo aos demais cursos já existentes no campus de Prudente;

7. Que quando as câmaras centrais da universidade forem discutir o refinamento das estruturas acadêmicas e administrativas as comunidades dos dois campi sejam ouvidas;

8. Que todas as decisões tomadas diante de uma nova estrutura a ser vigente na universidade considerem a valorização das pessoas, a questão acadêmica e a importância da Unesp para a sociedade, particularmente para o município de Rosana.

 

 

 

 

 

 

 

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