Relações afetivas  adoecidas: o que fazer? 

OPINIÃO - Elaine Ribeiro

Data 10/12/2022
Horário 04:30

Muitas são as causas que podem adoecer nossos relacionamentos: discordâncias, ciúmes, depressão, ansiedade, pânico, burnout, bipolaridade. O próprio adoecimento físico como o câncer, traz para muitos casais uma série de incompreensões. Também o luto ocasionado pela perda de um familiar, do trabalho ou mesmo a nossa condição financeira. Tudo isso somado pode nos levar ao pior dos cenários, o do desentendimento, onde deveria haver amor, cumplicidade, trocas afetivas, compreensão. Porém, esse não precisa ser o fim do relacionamento, mas um excelente ponto de reflexão e de mudança sobre aquilo que não vai bem. 
Todos os sentimentos e emoções inerentes ao ser humano precisam ser compreendidos sempre em relação ao contexto que a vida oferece, dia após dia, seja na dimensão social, política, religiosa, familiar, em todos os desdobramentos que comportam. É essencial que possamos nos relacionar com o outro e ter qualidade nestas relações. 
Mas, infelizmente, muitas situações podem alterar nosso equilíbrio emocional e deixar  nossas relações afetivas comprometidas.  Com isso, elas podem efetivamente adoecer.  
Os sentimentos se originam nas emoções e estão relacionados a conteúdos intelectuais - a valores, a um estado psicológico mais duradouro - que podem permanecer “armazenados”. O fato é que ambos, emoção e sentimento, são interpretações da subjetividade de cada pessoa, e passam por um universo particular. 
Quando duas realidades psíquicas se unem, isto é, duas pessoas diferentes, unem-se dois mundos psicológicos. Isso faz com que, ao entendermos esses sentimentos e emoções através do autoconhecimento, possamos ter clareza para notarmos quando algo não corre bem e estas relações estão adoecidas. 
E o que fazer quando percebemos que algo não vai bem? O primeiro passo é reconhecer que algo está mal, que a comunicação está falha, que há um distanciamento, que a tolerância com o outro está baixa. Perceba o que tem acontecido em sua vida de forma geral, que pode estar adoecendo você e sua vida afetiva. Parece simples, mas reconhecer pode ser o passo mais doloroso. 
Ao reconhecer, dialogue, converse e, com isso, avaliem as possibilidades, para tomarem decisões mais amadurecidas e pensadas. Parece simples, mas na comunicação, ou na falta dela, é que moram nossos maiores problemas. Converse presencialmente, não por indiretas ou mensagens longas via redes sociais, como o WhatsApp. Olhe, perceba o outro, e deixe-se ser olhado também. 
Não queira apenas relações convenientes! É muito fácil recusar o outro porque ele tem uma opinião diferente da minha, está passando por dificuldades ou está com seu humor deprimido. A conveniência é fácil porque é descartável, pode ser mais rápida e exige menos esforço. Seja numa amizade, num namoro ou num casamento, não podemos ser diminuídos ou anulados pelo outro, porque para sermos inteiros com o outro, é necessário, primeiramente, sermos honestos conosco mesmo. 
Um relacionamento pesado, cheio de críticas e cobranças, não sobrevive. Um relacionamento eternamente infantil, que não encara as dificuldades da vida, também não resistirá por muito tempo. 
Precisamos da coragem e da maturidade para viver aquilo que nos distancia, aquilo que pode estar ferindo o que de mais bonito construímos com o outro. Há o momento de cedermos à ajuda do outro, e também o momento em que nós seremos a ajuda para o outro. E assim, sustentamos o carinho e o amor pelo outro em todas as situações, adversidades e nos desafios da vida. 
 

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