Relatório da Defesa Civil detalha ações para combate a incêndio subterrâneo no Parque Furquim

Documento reúne cronologia das medidas adotadas desde o primeiro dia dos atendimentos; trabalho mobilizou força-tarefa regional com mais de 1 milhão de litros de água

PRUDENTE - DA REDAÇÃO

Data 04/11/2025
Horário 17:47
Foto: Arquivo/Prefeitura de Prudente
Relatório divulgado pela Defesa Civil reúne ações adotadas desde início de incêndio subterrâneo
Relatório divulgado pela Defesa Civil reúne ações adotadas desde início de incêndio subterrâneo

A Prefeitura de Presidente Prudente, por meio da Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil, elaborou de forma técnica e cronológica um relatório com todas as ações adotadas desde o início do incêndio subterrâneo registrado em área particular localizada atrás da escola Sesi (Serviço Social da Indústria), no Parque Furquim.

Os atendimentos começaram às 4h10 da manhã do dia 12 de outubro, quando o primeiro chamado foi recebido pelo Corpo de Bombeiros e pela Defesa Civil. Desde então, a Defesa Civil aponta que os trabalhos não pararam, sempre de forma conjunta. No dia 21 de outubro, o órgão coordenou uma força-tarefa com participação do PAM (Plano de Auxílio Mútuo), reunindo as Defesas Civis de municípios vizinhos, Corpo de Bombeiros, Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), Polícia Ambiental, concessionárias Cart e Eixo-SP, além das usinas Atenas, Cocal e Alto Alegre, Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) e Construtora Tucanos.

Essa operação utilizou mais de 1 milhão de litros de água potável, reduzindo em 99% os focos ativos. O monitoramento térmico indicou temperaturas que caíram progressivamente, confirmando o avanço no processo de extinção.

“Mesmo após a estabilização do local, as equipes permanecem em monitoramento diário com câmeras térmicas e acompanhamento ambiental até a eliminação total de qualquer foco remanescente”, explica o secretário municipal de Mobilidade Urbana e coordenador da Defesa Civil, Adauto Bibiano.

Mau cheiro

Mesmo com o incêndio controlado, o mau cheiro do material queimado ainda é perceptível na região, o que levou o MPT (Ministério Público do Trabalho) a recomendar a paralisação temporária das aulas do Sesi. A medida, de caráter preventivo e autônomo da instituição, não tem relação com as ações realizadas pela força-tarefa. Todas as etapas do trabalho seguiram a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (lei federal nº 12.608/2012), as diretrizes da Cetesb e os protocolos internacionais de combate a incêndios subterrâneos reconhecidos pela EPA (Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos) e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, da ONU (Organização das Nações Unidas).

O município informa ainda que a área em questão apresenta histórico de descarte irregular de resíduos, situação que já está sendo tratada pela Procuradoria Geral do Município e pela Secretaria de Assuntos Jurídicos, com base na Lei de Crimes Ambientais (lei nº 9.605/1998). Os responsáveis serão civil, administrativa e criminalmente responsabilizados.

Foto: Arquivo/Prefeitura de Prudente - Operação utilizou mais de 1 milhão de litros de água potável

Risco ambiental e sanitário

Em nota à reportagem de O Imparcial, o MPE (Ministério Público Estadual), por meio do Gaema (Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente) de Presidente Prudente, núcleo Pontal do Paranapanema, informou que acompanha desde o início o incêndio subterrâneo ocorrido em área de descarte irregular de resíduos no bairro Parque Furquim, deflagrado em 12 de outubro.

Segundo o órgão, o evento vem sendo tratado como situação de risco ambiental e sanitário relevante, tendo motivado a instauração de inquérito civil para apuração das responsabilidades, bem como a expedição de recomendações administrativas à Prefeitura Municipal, à Cetesb, à Defesa Civil Estadual, ao Corpo de Bombeiros e à Polícia Militar Ambiental, determinando a adoção imediata de medidas de contenção, isolamento da área, fiscalização e remoção dos resíduos depositados irregularmente.

Em reunião recente, realizada nesta segunda-feira, com a participação do Gaema, da Cetesb e do Corpo de Bombeiros, foi relatado que os focos de fumaça foram considerados extintos em sua grande maioria, mas seguem em monitoramento contínuo. Novas emissões foram detectadas ao longo dos últimos dias, sendo prontamente atacadas e controladas. As equipes do Corpo de Bombeiros permanecem em monitoramento diário, diante da possibilidade de queima residual no material enterrado.

Ainda conforme o Gaema, a Cetesb assumiu o compromisso de verificar a possibilidade de realizar avaliações complementares sobre a qualidade do ar e encaminhar ao Gaema relatório técnico com as medidas de remediação ambiental.

"O Ministério Público do Trabalho também tem atuado, tendo em vista os reflexos do evento sobre a saúde de trabalhadores e a suspensão temporária das aulas na unidade do Sesi de Prudente. O Ministério Público continuará acompanhando de forma direta e permanente o caso, avaliando a adoção de medidas judiciais ou extrajudiciais cabíveis à luz das conclusões técnicas e das providências implementadas pelos órgãos responsáveis", pontua.

Cronograma detalhado das ações

12 de outubro – Primeiras horas da ocorrência

Logo após o chamado, as equipes da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros chegaram ao local, mesmo sob forte chuva, já com máquinas para cobrir os focos com terra úmida, técnica recomendada para reduzir a presença de oxigênio e interromper a combustão.

13 de outubro – Reforço das equipes municipais

Com o término das chuvas, a Defesa Civil solicitou apoio das secretarias municipais, que enviaram nova pá-carregadeira e um caminhão-pipa para reforçar as ações de abafamento e resfriamento da área.

14 de outubro – Ações integradas com órgãos técnicos

A Cetesb foi acionada para realizar vistoria técnica e levantamento ambiental. Fiscais da Secretaria de Planejamento iniciaram processo administrativo de interdição da área e notificação dos responsáveis pelo terreno, que apresentava sinais de uso irregular e descarte de resíduos.

15 de outubro – Acompanhamento técnico especializado

A Defesa Civil convocou engenheiro civil do quadro técnico municipal para acompanhar as metodologias de combate e propor medidas complementares. Nessa fase, começou o mapeamento térmico e o isolamento de risco.

16 de outubro – Expansão do combate e uso de tecnologia

Com a persistência de fumaça subterrânea, foram mobilizadas duas escavadeiras hidráulicas das secretarias de Meio Ambiente e Obras, além de dois caminhões-pipa adicionais. Foi aplicado o LGE (líquido gerador de espuma), juntamente ao Corpo de Bombeiros. O produto químico é usado internacionalmente para suprimir a combustão subterrânea, reduzindo o oxigênio nas camadas mais profundas do solo.

18 de outubro – Monitoramento sob chuva forte

A precipitação de 43 milímetros de chuva alterou a pressão no solo e provocou aumento temporário da fumaça. As equipes mantiveram o monitoramento contínuo e realizaram novas intervenções de resfriamento e abafamento.

21 de outubro – Ação conjunta ampliada e força-tarefa regional

Diante da complexidade do incêndio e da necessidade de novas medidas, a Defesa Civil coordenou uma reunião técnica com todos os órgãos envolvidos, definindo uma nova metodologia de combate: a abertura de valas e inundação controlada do subsolo, impedindo a propagação do fogo em profundidade. Nessa data, foi acionado o PAM, com apoio das usinas Atenas, Cocal e Alto Alegre, Sabesp, construtora Tucanos, concessionárias Cart e Eixo-SP e as Defesas Civis de Álvares Machado, Indiana, Martinópolis e Prudente.

23 de outubro – Encerramento da fase de combate ativo

A Secretaria de Desenvolvimento Econômico interditou formalmente o local e notificou o responsável pela área. O monitoramento térmico realizado indicou temperaturas de 97 °C na superfície e 190 °C em profundidade, evidenciando o caráter subterrâneo e complexo do incêndio. Desde então, as equipes permanecem em monitoramento diário com câmeras térmicas e acompanhamento ambiental até a eliminação completa de qualquer foco remanescente.

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