Residências Terapêuticas completam 1º aniversário

Unidades integram a Rede de Atenção Psicossocial de Prudente, em substituição aos antigos hospitais psiquiátricos

PRUDENTE - JEAN RAMALHO

Data 11/12/2016
Horário 09:25
 

Há pouco mais de um ano, mais especificamente no dia 1º de dezembro de 2015, era inaugurada a primeira Residência Terapêutica de Presidente Prudente, no Residencial Universitário. Depois dela, vieram outras cinco unidades, que atualmente integram a Rede de Atenção Psicossocial do município, em substituição aos antigos hospitais psiquiátricos, a exemplo do São João. Agora, um ano depois da primeira inauguração, o Ciop (Conselho Intermunicipal do Oeste Paulista), administrador das casas, contabiliza os avanços, que passam pelo acolhimento da comunidade até a atenção fornecida pela rede de apoio, vizinhos e familiares.

Jornal O Imparcial Atualmente, 60 moradores são atendidos em 6 residências

"Creio que ao longo deste primeiro ano tivemos muitos progressos no atendimento a essas pessoas, que hoje não são mais chamadas de pacientes, mas sim de moradores. Depois que tiveram alta hospitalar, eles foram transferidos para as residências terapêuticas e lá receberam a oportunidade de conviver em um ambiente que se assemelha ao familiar. Hoje eles têm uma vida normal, livre, diferente do que recebiam nos hospitais", comenta a diretora de saúde do Ciop, Juliana Neves Russi Garcia.

Depois da inauguração da primeira Residência Terapêutica da cidade, no Residencial Universitário, outras cinco foram implantadas. Isto é, atualmente o município conta com seis unidades, sendo três femininas e três masculinas, dispostas em diversos bairros da cidade. Desde que foram instaladas, as casas visam inserir os egressos de internação psiquiátrica de longa permanência e que não possuam suporte social ou laços familiares.

Em Prudente, as unidades atendem atualmente 60 moradores e são classificadas sob o tipo 2, destinadas às pessoas com transtorno mental e acentuado nível de dependência para execução de atividades cotidianas. Um desses moradores é o irmão do vendedor Luiz Pereira da Silva. Diagnosticado com esquizofrenia, ele conta que o irmão passou de hospital para hospital desde os 15 anos, até chegar ao antigo Hospital São João, onde ficou por quase 25 anos. Mas hoje, depois que ele foi para uma das residências, Luiz diz que pode ver uma evolução no quadro dele.

"Meu irmão sempre foi uma pessoa difícil, violenta. Hoje ele mudou completamente. Antes a gente falava com ele e ele ficava mudo, agora ele conversa, está com um semblante alegre. Então, acredito que a casa tenha feito bem a ele, pois hoje ele sabe o significado da palavra convivência", relata o vendedor.

 

Nova vida

A evolução apontada por Luiz Pereira se justifica, principalmente, pelo aspecto familiar com que as residências são mantidas, segundo a psicóloga Bruna Figueiroa Fiel Prates. Isso porque, cada casa conta com oito cuidadores, os quais trabalham no esquema 12h por 36h, das 7h às 19h e das 19h às 7h, 24h por dia, no sistema de moradia. Além disso, os moradores das casas são incentivados a desenvolver atividades diárias de um lar, como arrumar a cama, lavar a louça, cozinhar, entre outras ações.

"Eles vivem nas residências como se vivessem em uma república de estudantes. Então, eles têm os momentos de interação, saem para passear, visitam parques, praças, sempre acompanhados. Mas também participam da manutenção do lar, como ocorre em uma família normal. Participam da limpeza e dos serviços da casa", afirma a psicóloga.

 

Dias melhores

Atividades que também têm cooperado para a evolução no quadro de saúde da irmã da cabeleireira Alzira Marcelino. Depois de ver a irmã ficar trancada durante 13 anos no Hospital Santa Maria, em Pirapozinho, ela comemora a melhora na lucidez da irmã a cada visita que faz. "Minha irmã ficou doente aos 13 anos e, desde lá, ela só piorou nos hospitais que passou. Mas hoje ela está mais lúcida e seus comportamentos agressivos diminuíram", considera a cabeleireira.

 

SAIBA MAIS

Os serviços de saúde mental que fornecem suporte técnico terapêutico aos moradores das Residências Terapêuticas são acompanhados pelo Caps (Centro de Atenção Psicossocial) Transtorno, no Jardim Maracanã, Caps AD (Álcool e Droga) e Caps 3, que está sendo estruturado no antigo Pronto-Atendimento do Ana Jacinta. Conforme publicado, cada casa equivale a um gasto de R$ 20 mil mensais, referente a R$ 2 mil por cada paciente. Os recursos são provenientes do Ministério da Saúde, repassado pelo município ao Ciop, que administra as residências.

 
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