Rui Barbosa - O Águia de Haia

OPINIÃO - Marcos Alegre

Data 06/07/2017
Horário 14:52

Hoje, farei um esboço sobre a vida de um político Rui Barbosa de Oliveira, que nasceu na Bahia, em 1849, e faleceu em 1923, no Rio de Janeiro. Rui Barbosa era advogado, escritor, orador, político e trabalhou pela libertação dos escravos. Foi eleito deputado e depois senador, representando a Bahia. Foi ministro da Fazenda no governo provisório de Manuel Deodoro da Fonseca e, nessa condição, participou da redação da primeira Constituição Republicana promulgada em 1893. Mas, durante o governo de Floriano Peixoto ocorreu a chamada “Revolta da Armada”, na qual Rui Barbosa se engajou e, derrotado, teve de se exilar para a Argentina e depois em Paris, Lisboa e Londres. Voltou ao Brasil depois de dois anos, pois foi nomeado para representar o Brasil na Segunda Conferência da Paz em Haia, na Holanda, em 1907. Rui Barbosa ficou famoso pelo seu desempenho e passou a ser chamado de “Águia de Haia”.

Posto isto, vou mostrar  ao jovem leitor a obra prima de Rui Barbosa. A famosa “Oração aos moços”, pronunciada numa formatura em 1920. “A pátria não é ninguém; são todos e cada qual tem no seio dela o mesmo direito à ideia, à palavra, a associação. A pátria não é um sistema, nem uma seita, nem um monopólio, nem uma forma de governo. Ela é o céu,o solo, o povo, a tradição, a consciência, o lar, o berço dos filhos e o túmulo dos antepassados, a comumhão da lei, da língua e da liberdade.

O ideal não se define; enxerga-se por clareiras que dão para o infinito, o amor abnegado; a fé Cristã, o sacrifício pelos interesses superiores da humanidade, a compreensão da vida no plano divino da virtude; tudo que alheia o homem da própria individualidade e o eleva, o multiplica, o  agiganta por uma contemplação pura, uma resolução heroica ou uma aspiração sublime.

Disse o Cristo que o homem não vive só de pão. Sim, porque vive do pão e do ideal. O pão é para o ventre. Centro da vida orgânica. O ideal é o espirito, órgão da vida eterna. Oração e trabalho são recursos mais poderosos na criação moral do homem. A oração é o íntimo sublimar-se da alma pelo contato com Deus. O trabalho é o inteirar, o desenvolver, o apurar as energias do corpo e do espírito. O indivíduo que trabalha acerca-se continuamente do autor de todas as coisas. O criador começa e a criatura acaba a criação de si própria. Quem quer que trabalhe está em oração com Deus, ‘homo nascitur ad laborem’. Não há de desanimar se o berço não lhe fosse generoso; ninguém se creia malfadado por lhe minguarem de nascença haveres e qualidades. A oração e o trabalho tudo supera.

É preciso estudar, refletir. O saber não está na ciência alheia, mas nas idéias próprias que se geram dos conhecimentos absorvidos. Um sabedor não é armário de sabedoria armazenada, mas transformador reflexivo de aquisições digeridas. Mas há que distinguir o saber aparente do saber real. O saber de aparência crê e ostenta saber tudo. O saber da realidade, quanto mais real, mais desconfia do que vai aprendendo. Não se pode ser homens – panaceias, capazes  de fazer tudo, de realizar qualquer empreitada.

Palavras de Sócrates, filósofo grego que viveu antes da era Cristã: ‘A pior espécie de ignorância é cuidar uma pessoa saber o que não sabe’. É árdua a nossa missão nesta Terra e em nossa vida, mas não devemos apenas tremer, mas tremer e não descorçoar. Tremer mas não renunciar.Tremer e ousar, tremer e empreender. Tremer e confiar. Meus amigos confiai, ousai reagi e havereis de ser bem sucedidos. Finalmente hã que concluir: Deus nos dá sempre mais do que merecemos.”

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