"Existem 10 milhões de surdos no Brasil, sendo que só no Estado de São Paulo contabiliza-se 3 milhões. É preciso pensar mais nessa comunidade, estamos em um momento de criar muitas referências para eles e, também de se quebrar paradigmas”. A mensagem é de Leonardo Castilho, surdo, diretor de cultura da Associação de Surdos de São Paulo e educador do MAM (Museu de Arte Moderna de São Paulo). O profissional apresentou-se na 6ª edição do Sarau em Libras, promovido na quinta-feira, pela Faclepp (Faculdade de Artes, Ciências, Letras e Educação) da Unoeste. A iniciativa, que lotou o Teatro César Cava, campus I da instituição, também contou com a parceria da ASSPP (Associação de Surdos e Surdas de Presidente Prudente e região). Apresentou-se também no evento o Grupo Escoteiro Guayporé.
Produtor cultural, artista e MC do Slam do Corpo, Castilho diz que foi um prazer participar deste evento. “Essa postura da Unoeste é muito boa, pois, demonstra que ela está sendo uma universidade inclusiva, possibilitando uma aproximação entre as comunidades ouvinte e surda”, diz. Para ele, essa abertura aos surdos, contribui para que eles sejam protagonistas na sociedade “Espero que essa mensagem tenha chegado ao íntimo das pessoas. É maravilhoso constatar o interesse dos acadêmicos pela cultura em Libras, que para nós é muito natural, pois é a nossa língua materna, ou seja, é a forma com que nos comunicamos”.
A 6ª edição do Sarau em Libras da Unoeste, contou ainda, com apresentações de teatro, música, poesia e dança. Jovens, adultos e crianças prestigiaram o evento que foi aberto para toda a comunidade. A docente de Libras da Unoeste e coordenadora do evento, Valéria Isaura de Souza, enfatiza que os surdos gostam de qualquer manifestação artística e esse envolvimento com os universitários é muito positivo, além de possuir também caráter multidisciplinar. “Na Faclepp, Libras é uma disciplina obrigatória, já para as graduações de outras áreas é optativa. Mesmo assim, contamos hoje com a participação de acadêmicos de cursos como Medicina e Odontologia”.
Valéria conta que, antes do sarau, os universitários participaram de uma seletiva, para a escolha das apresentações que contariam no roteiro do evento. “Inclusive, foram os surdos da ASSPP que ajudaram na seleção das melhores apresentações e, também, auxiliaram nos ensaios com os acadêmicos. Ações como essa, estreitam o relacionamento entre ouvintes e surdos e fazem com que a Unoeste se torne cada dia mais inclusiva”.
Flávio Augusto Gonçalves, vice-presidente da ASSPP e integrante da comissão organizadora do sarau expõe que é um prazer ajudar nesse evento. “Gostamos de estar engajados com os ouvintes e é relevante para nós, passar um pouco da nossa cultura aos acadêmicos. Vale destacar que, essa postura da Unoeste em promover esse evento é diferenciada e demonstra a sua preocupação com a inclusão”.
NAI
A 6ª edição do Sarau em Libras também contou com uma apresentação do NAI (Núcleo de Acessibilidade e Inclusão), pela coordenadora do setor, Regina Rita Liberati Silingovschi. Na ocasião, ela aproveitou para falar sobre acessibilidade em Libras disponibilizada no site da Unoeste, por meio de um software disponibilizado pelo Hand Talk. “O site da universidade conta agora com o Hugo, carismático intérprete virtual em 3D que faz a tradução dos textos para a língua de sinais”. Sobre a importância desse recurso, Regina explica que a língua materna dos surdos é a Libras, sendo que o português é considerado o seu segundo idioma. “A maior parte dos surdos é alfabetizada em Libras e depende delas para se comunicar. Sendo assim, a disponibilização dessa tecnologia pelo site da Unoeste passa a abrir as portas para um público de milhões de pessoas de forma inovadora e socialmente responsável”, conclui.
Doações
Na entrada do 6º Sarau em Libras, o público entregou um produto de higiene, limpeza ou alimento não perecível. As doações foram entregues no final do evento para a Colônia Santa Clara de Presidente Prudente.
Com AI