Sargento Cordeiro, o guarda civil  que moldou uma era em Prudente, faria 100 anos em 2025

Herói local da lei, símbolo de uma corporação extinta, ele trocou o sertão baiano pela farda azul para se tornar uma lenda viva da segurança pública e um pai dedicado de cinco filhos

PRUDENTE - SINOMAR CALMONA

Data 21/09/2025
Horário 06:10
Foto: Arquivo
Sargento Cordeiro: história profissional é a própria transição da força pública na região
Sargento Cordeiro: história profissional é a própria transição da força pública na região

A história de força e resiliência de Otaviano Cordeiro de Andrade começou longe do asfalto dePresidente Prudente, no árido solo de Monte Santo, no interiorzão da Bahia. Nascido em 17 de agosto de 1925, ele era um dos sete filhos de uma família de agricultores e criadores de animais, que lidavam com a terra, o gado. A vida no sertão era difícil, e o anseio por um futuro melhor falou mais alto. Na década de 1940, ainda jovem, ele embarcou sozinho para São Paulo, seguindo o caminho de seus irmãos. O destino, no entanto, tinha um plano extra: uma missão temporária da Guarda Civil que o traria a Presidente Prudente. O que era para ser uma escala profissional breve transformou-se no capítulo definitivo de sua vida, quando conheceu e se encantou pela d. Annita Bongiovanni Cordeiro, com quem se casou e isso o fez fincar raízes para sempre nesta cidade.

Integrando as fileiras da icônica Guarda Civil do Estado de São Paulo, o "Sargento Cordeiro" – como ficou popularmente conhecido – rapidamente se tornou um símbolo de autoridade tranquila e respeito na Prudente dos anos 50 e 60. A  Guarda Civil era elegante e social. Sua farda azul era um emblema de segurança e civilidade. Ele era a presença garantida nas sessões de cinema, cuidando da ordem e, de quebra, garantindo a diversão gratuita de seus filhos. "Era demais. A gente gostava muito, porque íamos muito ao cinema”, lembra com saudade um de seus filhos. Apaixonado pela corporação, o "Sargento Cordeiro" personificava um modelo de policiamento que priorizava a proximidade com a comunidade, vigiando escolas e sendo uma figura presente e reconhecível no cotidiano da cidade.

Transição e legado: do sargento a tenente

O fim da Guarda Civil foi um marco na história da segurança paulista e também na vida de Otaviano. Com a incorporação da corporação pela Polícia Militar, ele, relutante, trocou a farda azul pela verde-oliva. Apesar de sua paixão pela Guarda, onde serviu por cerca de 15 anos, ele seguiu com a mesma dedicação. Sua carreira foi um testemunho de sua competência: ascendeu na nova instituição, passou longo tempo como subtenente e finalmente conquistou a patente de tenente da Polícia Militar, na qual se aposentou após mais 15 anos de serviços prestados. Sua história profissional é a própria transição da força pública na região.

Herói fora de serviço: o patriarca da família Andrade

Mas a história do Tenente Otaviano não se escreve apenas com galões e fardas. Fora do serviço, ele era o patriarca amoroso de uma numerosa família. Ao lado de dona Annita, criou seus cinco filhos – Sérgio, Silvana, Sílvia, Sônia e Márcia – com a mesma disciplina branda e cuidado que dedicava à cidade. Ele era a prova viva de que a verdadeira força se equilibra com a ternura. Sua herança não são apenas os anos de serviço público, mas a família que construiu, que hoje guarda com orgulho as memórias do menino do sertão que se tornou um dos pilares de Presidente Prudente.

No último dia 17 de agosto, o Sargento e Tenente Otaviano Cordeiro de Andrade completaria 100 anos. Sua vida é um capítulo fundamental no livro da história da cidade, uma narrativa de coragem, adaptação e amor que permanece viva na memória afetiva de quem teve o privilégio de conhecê-lo.

Fotos: Arquivo


“Sargento Cordeiro”em sua farda azul de Guarda Civil, símbolo de uma era e de um profissional dedicado que moldou a segurança e a história de Prudente

Sargento Cordeiro e sua esposa Annita Bongiovanni 


Os filhos de Otaviano Cordeiro de Andrade e Anitta Bongiovanni: Márcia, Silvana, Sérgio, Silvia e Sônia


Sargento Cordeiro e seus irmãos, em encontro da família, na Bahia


“Sargento Cordeiro”, figura presente e reconhecível no cotidiano da cidade, entre nos anos 50 e 60

Um passado de honra e proximidade: a memorável Guarda Civil paulista

A história das forças de segurança em São Paulo não pode ser contada sem mencionar a icônica Guarda Civil do Estado, uma instituição que marcou época e deixou um legado de profissionalismo e proximidade com a população. Criada em 1926 e extinta em 1970, a Guarda Civil se tornou um símbolo de uma atuação policial mais cívica e comunitária.

A sua dissolução, em 1970, unificou-a com a Força Pública, que se tornaria a Polícia Militar. Apesar de extinta, a Guarda Civil deixou um legado profundo, especialmente em sua relação com a comunidade. Seus integrantes eram treinados para serem, acima de tudo, cidadãos em uniforme, com uma postura que buscava a prevenção e a proximidade, e não apenas a repressão.

A Guarda Civil formou gerações de policiais que se destacaram pelo preparo, disciplina e, principalmente, pelo senso de honra. Até hoje, muitos ex-integrantes são reconhecidos pelo seu profissionalismo e pela contribuição que deram à segurança pública do Estado. A sua memória permanece viva como um lembrete de que a força policial pode atuar de forma a garantir a segurança da sociedade em parceria com a própria população.

Arquivo


Guarda Civil simbolizava atuação policial mais cívica e comunitária

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