Saúde mental e redes sociais

Roberto Mancuzo

CRÔNICA - Roberto Mancuzo

Data 30/01/2024
Horário 06:00

Tenho lugar de fala para tocar em um ponto bem delicado: a exposição às redes sociais pode afetar sim a saúde mental de muita gente.
Eu avalio a exposição pública nas redes por três ângulos. O primeiro diz respeito a quem apenas participa do universo do ciberespaço e usa estas plataformas para relacionamentos naturais, mesmo que à distância.  
O segundo aspecto reúne os comerciantes da web, pessoas que conseguiram encaixar bons negócios na rede e precisam se manter em alta para tocar estes investimentos. Claro que para muitos vale tudo e não raro a situação pode descambar para situações grotescas de exposição.
E por fim, os casos que entendo serem os mais graves, que dizem respeito ao quanto as redes sociais afetam diretamente a saúde mental das pessoas.
O caso Vanessa Lopes, que saiu do “Big Brother Brasil” de forma prematura e precisou de tratamento psiquiátrico, mostrou o quanto tal condição pode ser nociva. A moça simplesmente não deu conta ao perceber que não seria unanimidade fora de sua bolha.
Eu já estudo a dinâmica das redes sociais há quase dez anos e, claro, apesar de estar muito mais atento às estratégias de produção de conteúdo nas plataformas, recebo textos diariamente e leio muito sobre como a vida virtual pode afetar, e muito, a cabeça dos usuários. Fora isso, dou aula no ensino superior e não raro atendo estudantes que não conseguiram enxergar bem a linha que separa o virtual dos efeitos nocivos diretos no mundo físico. Até porque, a rede é virtual, mas seus efeitos são reais.
Não tem muito tempo, na história dos meios de comunicação, homens e mulheres viviam o espetáculo das mídias de maneira bem mais isenta ou tranquila. Como não podiam interferir nas emissoras, davam uma espécie de procuração pessoal para serem representados na TV por heróis, mocinhos, mocinhas e até vilões. Mas normalmente passado o tempo do programa, acabava tudo.
Hoje não. Agora, não entregamos mais a procuração a ninguém porque nós mesmos somos os principais personagens da história. Temos perfis e acesso direto a quem quer que seja em qualquer lugar. É um poder que, com certeza, ainda não demos conta de assumir com propriedade, sem prejuízos.
Dizer que isto é um problema a se atentar somente para crianças e jovens não é verdade. Adultos e idosos estão neste jogo da mesma forma e sujeitos a serem vítimas dos efeitos que a exposição em rede traz.
Alguns respiros neste mundo louco, porém, me trazem um pouco de otimismo, como quando a atriz Paolla Oliveira mandou um monte de hater se lascar quando eles, patologicamente, fizeram críticas ao seu peso e idade.
Conhecemos o jogo. Quem faz estas críticas é normalmente blindada pelo anonimato, mas está mais do que na hora de não deixar que isso sirva de gatilho para que a vida seja jogada no lixo. Bom para ela, exemplo para todos nós.  
 

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