Sem culpa e sem desculpa

OPINIÃO - Walter Roque Gonçalves

Data 18/05/2025
Horário 04:30

Evoluir não é mais uma escolha — é uma necessidade. Mas existe um obstáculo silencioso e persistente que atrapalha esse processo em muitas empresas: o instinto humano de autoproteção agravado pela cultura da empresa que os recebe. Diante de uma falha, o impulso quase automático é o de se defender, buscar um culpado ou apresentar uma desculpa que alivie a responsabilidade. Esse comportamento, apesar de comum, é um dos grandes inimigos da cultura de melhoria contínua e excelência em qualidade.
Não adianta planejar, acompanhar indicadores ou estabelecer metas se o ambiente não oferece segurança para que as pessoas reconheçam um erro sem medo de retaliação. Quando o erro vira motivo de caça às bruxas, perde-se a oportunidade de aprender. E, sem aprendizado, não há evolução verdadeira.
Empresas que querem crescer de forma sólida precisam encarar essa realidade: erros acontecem. E, quando cometidos por quem está tentando acertar, devem ser tratados como pontos de melhoria, não como fracassos pessoais. A maturidade de uma organização se mede pela forma como lida com as falhas: se as ignora, pune ou transforma em impulso para evoluir.
Planejar é necessário. Monitorar, indispensável. Mas mais importante que isso tudo é a coragem para analisar os resultados com objetividade. Sem se esconder atrás de justificativas, sem transferir responsabilidade. Com foco na solução — e não na culpa.
Criar um ambiente seguro significa permitir que as pessoas se posicionem, revelem dificuldades, apontem gargalos e compartilhem aprendizados. É a partir disso que nascem as inovações e os ajustes que realmente fazem diferença. O medo paralisa, mas a confiança impulsiona.
Buscar excelência requer disciplina, mas também humildade. A humildade de revisar decisões, admitir falhas e ouvir a equipe. As melhores lideranças são aquelas que criam cultura, não medo. Que estabelecem rotinas de melhoria, não mecanismos de punição.
A evolução de uma empresa acontece quando errar deixa de ser tabu. Quando há espaço para o erro honesto — aquele que vem do esforço de fazer o certo. E quando cada falha vira um degrau no caminho da excelência.
Por isso, chega de se esconder atrás de desculpas ou procurar culpados. O mercado não perdoa a estagnação. E quem quiser resultado precisa agir com coragem, foco e consistência. Melhorar é um dever — e começa com a decisão de enfrentar os erros com maturidade.
Sem culpa. E sem desculpa.
 

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