Alguém por aqui deseja ser influencer ou conhece alguém por perto que sonha em ter seu nome em destaque no sedutor mundo das redes sociais? Se tem, aí vai uma fórmula bem rápida para ser um influenciador de sucesso: reponsabilidade.
Ué? Esperavam o quê? Que eu falasse que precisa ter um nicho, táticas de engajamento, conteúdos de valor e muito carisma? Sim, isso tudo é importante, mas no fundo quem quer ser influente na vida de alguém precisa levar em consideração a velha recomendação de Antoine Saint-Exupéry, no celebre livro “O Pequeno Príncipe”: “Tu te tornas extremamente responsável por aquilo que cativas”.
Quando eu comecei a escrever reportagens e crônicas e a ocupar espaços reservados em periódicos jornalísticos, caiu sobre mim um certo orgulho, uma vitória e um reconhecimento profissional, mas também uma grande preocupação. A partir daquele momento, ao sair um texto destacado em meu nome, com minha foto ao lado, minhas referências, começava ali também a minha função de influenciador e minha responsabilidade por tudo que escrevia.
Sim, influenciadores existem antes mesmo da palavra “influencer” ser uma modinha digital e sinônimo de gente muito rica e até certo ponto muito besta. Infelizmente, porque apesar de haver influenciadores ótimos e que cumprem bem seu papel, a gente se depara com figuras cada vez mais caricatas e idiotas.
Desculpe o termo usado, caros leitores, mas eu não consigo nomear melhor alguém que usa a fama para enganar, roubar sonhos, machucar corações, travar mentes em nome de muito dinheiro envolvido e muita fama. E pior: depois que algo ruim acontece, a pessoa vem com a famosa frase: “Eu falei por mim, não disse que ninguém teria que fazer igual.” Ora, se a pessoa se autointitula “influencer”, não quer ter a responsabilidade ou coragem por influenciar o comportamento de alguém? É isso mesmo? Hipocrisia que chama, né?
Alguns episódios envolvendo influenciadores famosinhos como a Virgínia Fonseca, na CPI das Bets, e outros investigados por conta das relações duvidosas com sites ilegais de apostas provam a falta de responsabilidade deles e mostram na verdade que estas pessoas amam a influência que têm por um simples motivo: ela dá muito lucro. E ponto mesmo. Não tem “talvez” ou “veja bem”.
Não tem muito tempo e veio à tona também o horror do caso envolvendo os influenciadores Samuel Sant´Anna, conhecido como Gato Preto, e Bia Miranda. Eles se envolveram em um acidente de carro e logo depois ficou escancarada uma ficha de investigação imensa contra eles que passa por estelionato, lavagem de dinheiro e exploração de jogos de azar. Juntos possuem mais de 5 milhões de seguidores, muitos deles iludidos de que estes caminhos são viáveis para se chegar à fama digital.
E você sabia que já existe uma espécie de “escola” de influencers? Pois é, desde julho há um espaço na capital paulista que promete ensinar os alunos a serem influenciadores digitais. As salas de aula são grandes estúdios, banheiros instagramáveis e até praia artificial.
Queria muito saber se há disciplina de ética neste lugar ou quanto tempo ela ocupa na grade curricular.