Seria o Vigário um Vigarista?

Sandro Villar

 Espadachim, um cronista a favor do vinagre e do vinagrete

CRÔNICA - Sandro Villar

Data 26/08/2020
Horário 05:35

Com sua cara de bebê Johnson e com sua voz melíflua, aquela lábia que engana otários, o padre Robson de Oliveira parece que pisou na batina. Sem e com sombra de dúvida, o jovem pároco fez a cabeça de milhares de católicos Brasil afora. Conquistou corações e mentes de gente humilde, que não perde a fé em Deus. Aliás, fé independe de religião.
O padre Robson é suspeito - vejam bem: suspeito - de desviar uma grana preta dos fiéis, coisa de R$ 2 bilhões. Com esse dinheiro, na forma de doações, ele comprou fazendas, apartamentos de luxo, casa numa praia da Bahia e até avião, segundo o Ministério Público de Goiás.
Aos fiéis ele dizia que as doações seriam usadas para pagar a construção da nova basílica na cidade de Trindade, perto de Goiânia, onde o padre atuava. Atuava porque, depois do escândalo, a diocese o "depenou". Foi afastado de suas funções sacerdotais e, assim, fica proibido de rezar missas e de participar de outros atos religiosos. A construção está parada.
Como desgraça pouca não é bobagem, surgiu um novo escândalo envolvendo o padre Robson e dois hackers, que o chantagearam e o extorquiram, segundo o G1. Os dois pilantras exigiram e receberam parcelas que totalizaram R$ 2,9 milhões para não tornar público o caso amoroso que tiveram com o padre, que pagou a quantia exigida, ainda de acordo com o G1.
Se o padre é gay ninguém tem nada com isso e abaixo a homofobia. O que o padre precisa explicar à Justiça é o seu trabalho à frente da construção do novo templo. É uma fortuna que deveria ser melhor aplicada, como, por exemplo, na construção de escolas e de hospitais.
Na entrevista ao “Fantástico”, onde estava numa situação de batina justa e não de saia-justa, Robson também foi "depenado" pela repórter Ana Carolina Raimundi, que o encostou na parede. Não é preciso conhecer linguagem corporal e leitura labial para perceber que o padre não convenceu ao tentar se explicar.
Também na entrevista ele falou que a construção da nova basílica, mais ampla do que a atual, vai custar R$ 4 bilhões. Como é que é? O que que há? É um templo de ouro? Bem carinho esse templo, hein?  A julgar pelas imagens da tevê, o templo em que o padre Robson pregava já é bastante amplo. Acho que é desnecessário construir outra basílica e essa montanha de dinheiro deveria ser investida em obras sociais, como as mencionadas acima. 
Padres e pastores, alguns notórios charlatões, são estrelas da televisão e pedem dinheiro aos fiéis na maior cara de pau. Até divulgam números de contas bancárias. E o pior é que tem gente que entra nessa, acredita nesses vigaristas da fé. Cadê o Ministério Público, tão zeloso quando implica com o "namorado da Janja?" Dizem que religião é uma empresa com fins lucrativos, menos para os fiéis.
E pasmem: tem um padre cantor, cafona pra cachorro, que fala palavrão na tevê. Que negócio é esse? Padre falar palavrão, como aquela que começa com a letra M, é o fim da picada. Às vezes, esquecemos o que aprendemos e talvez seja o caso de um  mea culpa nas religiões, que deveriam retornar ao reino de Deus, de simplicidade e fraternidade.

DROPS

Flordelis não é orquídea que se cheire.

Filme da Semana no Cine Brasil: "Que bicho mordeu Sua Excelência?", estrelando grande elenco sem talento.

Não é por falta de leis que o Brasil deixará de progredir, pois temos até as leishmaniose.

A Terra é plana... no campo de futebol.
 

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