Serviço é alternativa para pacientes terminais

PRUDENTE - ANDRÉ ESTEVES

Data 31/03/2018
Horário 10:38

Embora o diagnóstico de uma doença intratável seja algo que fuja do controle humano, cabe estritamente ao paciente escolher como ele quer morrer. Enquanto há aqueles que preferem lutar até o último minuto de vida, há outros que optam pelo conforto de suas casas ao invés de se submeterem a procedimentos que não trarão qualquer benefício senão o prolongamento do sofrimento. Os avanços da medicina ainda não garantiram a cura para determinadas patologias, mas viabilizaram formas de permitir que tais pacientes morram com dignidade. Em Presidente Prudente, já é possível verificar os esforços da rede de hospitais em oportunizar o acesso aos cuidados paliativos, a fim de que pessoas em estado terminal tenham qualidade de vida durante o desenlace.

O primeiro passo foi dado pela Unimed, que inaugurou em novembro de 2016 a Rede de Cuidados Continuados. De acordo com o coordenador do programa, Bruno Alves, mais de 500 pacientes já foram atendidos pelo serviço desde a sua implantação. Com base no mesmo modelo, o HR (Hospital Regional) Doutor Domingos Leonardo Cerávolo implantou, no final do ano passado, a sua própria rede de atendimentos, que já contempla 40 pessoas por mês, aponta um dos responsáveis pelo setor, Rodrigo Sala Ferro. A Santa Casa de Misericórdia, por sua vez, não possui um núcleo específico dentro do hospital, mas conta com a parceria da Unimed para o redirecionamento de pacientes elegíveis para os cuidados paliativos.

Bruno explica que enquanto a medicina convencional busca tratar a doença, a paliativa está voltada ao bem-estar do paciente, com enfoque no controle dos sintomas. Segundo ele, o trabalho surgiu da necessidade de uma humanização maior no cuidado com o indivíduo e toda a estrutura familiar que o acompanha. O profissional explica que os candidatos podem se vincular ao programa por livre demanda ou referenciados por um médico assistente da Unimed. Ao ser encaminhado, o paciente é submetido a uma avaliação do time de profissionais, que identificam se o mesmo está apto para o atendimento. Quando inclusos no serviço, tanto o assistido quanto os seus entes queridos são acompanhados por uma equipe multiprofissional que inclui psicólogos, nutricionistas, fonoaudiólogos, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais, auxiliares de enfermagem, enfermeiros e médicos. Dependendo da demanda de cada paciente, ele pode ser atendido em um centro de atenção, hospital, ambulatório ou dentro de sua própria casa.

 

Protagonismo

Bruno enfatiza que a família é protagonista de todo o processo, uma vez que existe a preocupação de evitar o chamado luto complicado, isto é, a dor permanente da perda. “A equipe está sempre a postos para dar todo o suporte psicológico necessário, explicar sobre as doenças e tratar as angústias”, comenta. O coordenador pontua que estão enquadrados no serviço pacientes com neoplasias, AVC (acidente vascular cerebral) e quadros demenciais, como é o caso do Alzheimer. Ele argumenta que a medicina paliativa vem crescendo ultimamente e já há um “trabalho amplo” no sentido de formar profissionais da área e garantir a qualidade de vida dos pacientes.

Já no HR, o cenário é semelhante. Rodrigo esclarece que os pacientes também precisam passar por uma avaliação prévia e, caso sejam elegíveis para o tratamento, recebem acompanhamento periódico no ambulatório do hospital. Atualmente, o setor é formado por dois médicos e um time de psicólogos, que prestam assistência a todo o núcleo familiar. No momento em que o serviço é iniciado, existe o cuidado da equipe em se sentar com os familiares para discutir o caso, esclarecer dúvidas sobre a doença e planejar a forma como será conduzido o atendimento. “A medicina paliativa é uma alternativa para evitar o sofrimento prolongado e, desta forma, oferecer ao paciente uma forma de morrer bem”, pontua.

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