Quando o circo chegou à cidade paulista de Jacareí, onde não deve ter jacaré nem de cativeiro, todo mundo saiu às ruas para ver a caravana passar. Houve cobertura, não sei se de chantilly, da imprensa, principalmente da chamada imprensa falada, mais conhecida como rádio.
Dois dias depois da chegada, no fim da década de 50, o circo já estava armado e reconheço que esse negócio de "circo armado" soa meio erótico, a exemplo da expressão "por outro lado".
E não é que logo na estreia do circo deu a maior zebra? Encrenca das grossas. Mas antes de chegar aos "finalmente", como diria o prefeito Odorico Paraguassu, devo te dizer, como falava Vicente Matheus, que o circo era bem ajeitado e o dono previa uma temporada bem-sucedida. Nada de lona rasgada, caindo aos pedaços. Colorida, a lona chamava a atenção. O circo, que era europeu, tinha animais, como leões, tigres, zebras e dois elefantes.
No dia da estreia, sábado à noite, alguns moleques tentaram assistir ao espetáculo de graça, pensando em passar por baixo do pano. Acontece que circo luxuoso não tem buracos no cercado. Entrar por baixo e ficar por cima na arquibancada só é possível em circo mixuruca montado na periferia. Nenhum garoto entrou de graça no circo europeu.
O circo só apresentou o espetáculo de estreia, que ficou marcado por um episódio mais hilário que certos discursos no Congresso Nacional. Os bacanas da cidade ficaram literalmente sujos, e quem perde o seu precioso tempo lendo estas mal digitadas linhas vai entender o motivo. Como o rapaz aqui disse acima, foi uma encrenca das grossas e tanto isso é verdade que foi dado um prazo de 48 horas para o circo deixar a cidade.
Tudo por causa dos dois elefantes, que roubaram a cena no picadeiro. Nas cadeiras numeradas da primeira fileira sentaram-se o prefeito, o presidente da Câmara de Vereadores, o juiz de Direito e Esquerdo, o delegado e alguns jornalistas e radialistas. Foi aí que aconteceu o pior, ou o melhor do show para a plateia sentada na desconfortável arquibancada.
Com o bundão virado para o lado onde estavam as autoridades, um dos elefantes teve uma crise de diarreia e, para espanto geral, lançou um jato verde na direção do prefeito e companhia. Eles ficaram mais verdes que o incrível Hulk e o personagem do ator Jim Carrey no filme “O Máscara”. Inquieto, o paquiderme se mexia muito e, talvez por isso, aumentava, digamos, o alcance do resíduo que expelia, para não dizer outra coisa.
Para complicar a situação, o outro elefante também resolveu "colaborar", deixando o domador desesperado. Mais afastado, sem ser atingido pelo líquido verde, o respeitável público da geral morria de rir. No dia seguinte, o dono do circo foi chamado às falas pelo delegado, de quem ouviu muitas e más e não poucas e boas.
Dizem as más línguas que ele quis se vingar do prefeito, que teria cobrado uma taxa de alvará abusiva. Por isso, deu um purgante poderoso aos elefantes. Soube-se depois que o purgante era uma mistura de óleo de rícino com azeite de dendê, o que é dose pra elefante.
DROPS
Quem lava a honra com sangue prejudica o hemocentro da Santa Casa.
Todos são iguais perante a lei... da gravidade.
Nunca ia ao cinema, pois sempre lhe passava um filme pela cabeça.
Era magro, mas fazia regime por causa do peso na consciência.
O que custa os olhos da cara deixa o cliente cego.