Muito se fala sobre a necessidade de pessoas mais sinceras e como o mundo está recheado de mentiras que causam muita infelicidade, mas qual é o limite entre a sinceridade nua e crua e a grosseria?
Alguns indivíduos se vestem de armaduras chamadas “personalidade forte” ou até mesmo “autenticidade”, mas será que de fato essas pessoas se conhecem bem ao ponto de acertarem na própria descrição? Veja, não há nada de errado em ser autêntico e até mesmo ter uma personalidade forte, todavia, grande parte das vezes não é isso que realmente acontece. Os seres humanos encontram maneiras diferentes para lidar com o desconforto e com algumas questões internas. Opiniões são dadas e comentários são feitos sem ao menos terem sido solicitados.
Pode-se dizer que muito do que nos incomoda e discordamos do outro está relacionado com questões pessoais, pouco se refere ao próximo. O indivíduo que está vivendo sua vida, sem necessariamente estar agredindo ou fazendo mal para ninguém, não deveria ser alvo de tantas opiniões e, por vezes, indelicadeza. Porém, temos o hábito de nos queixarmos e criticarmos com uma certa frequência.
Com receio de parecer repetitiva, trago novamente o autoconhecimento como ponto de partida para uma avaliação. Pense sobre o que te incomoda nas pessoas que convivem contigo e tente encontrar a gênese desse incômodo. O que te incomoda no outro são comportamentos que você realmente não faz? Por qual motivo?
A partir disso, podemos introduzir o termo “bom senso”, que deve ser o balizador da tomada de decisão entre verbalizar ou não o que se pensa sobre o outro. Quais serão as vantagens da informação que será dada para a pessoa? A sinceridade tem qual função para você?
Críticas construtivas podem ser muito bem-vindas e são importantíssimas para nosso crescimento, afinal, nunca seremos capazes de observar situações com a perspectiva de quem está de fora. Porém, a assertividade do comentário se relaciona muito com o grau de relevância e intimidade que determinada pessoa tem com o ouvinte. O excesso de sinceridade sem considerar o nível do relacionamento com as pessoas e falta de tato podem ser motivos de afastamento e desgaste de vínculo.
Nem sempre tudo precisa ser verbalizado, entretanto, devemos entender que algumas coisas, mesmo que desconfortáveis, precisam ser ditas. Saber discernir quando falar e quando não é muito importante. Quando for necessário, seja honesto, mas jamais se esqueça de considerar a posição do outro, ter respeito e empatia na forma de falar faz toda a diferença em conversas difíceis.
