Sindicato aponta déficit no efetivo de policiais e governo contrapõe

Delegados de Polícia da região de Prudente se reuniram ontem para discutir as dificuldades de trabalho enfrentadas pela categoria

REGIÃO - ROBERTO KAWASAKI

Data 05/07/2019
Horário 22:42
José Reis - Durante o encontro, sindicado ouviu delegados sobre as dificuldades de trabalho na região
José Reis - Durante o encontro, sindicado ouviu delegados sobre as dificuldades de trabalho na região

O Deinter-8 (Departamento de Polícia Judiciária do Interior) abrange 67 municípios, quase 2 milhões de habitantes são atendidos pelos policiais civis e delegados. No entanto, o efetivo tem preocupado o Sindpesp (Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo). Conforme o sindicato, a região tem déficit de 35,81% no efetivo, maior que a média estadual, que é de 33,63%. Estão ocupados 803 dos 1.251 cargos previstos em lei. Ou seja, faltam 448 policiais. Já no Estado o total é de 14 mil. Ontem, ocorreu uma reunião em Presidente Prudente entre sindicato e delegados para entender as dificuldades que a falta do efetivo tem provocado no trabalho. O Estado, em nota, questiona os números.

Dentre os cargos que necessitam ser preenchidos está o de delegado, escrivão, investigador, agente de polícia, agente de telecomunicação, papiloscopista e auxiliar de papiloscopia. De acordo com a presidente do Sindpesp, Raquel Kobashi Gallinati, o déficit acarreta “graves violações” nas normas internacionais do trabalho. “A partir do momento em que o delegado de polícia e o policial civil não têm direito ao descanso, ocupando a situação de quatro ou cinco policiais, eles não têm como programar um lazer ou descanso com a família”, afirma. Conforme o sindicato, policiais da região relatam jornadas de trabalho desumanas, acúmulo de funções e plantões de 24 horas durante quase todo o mês, sem direito a descanso.

“Quando não há policial o suficiente para trabalhar de acordo com a potencialidade, deixamos a população com a sensação de insegurança, e o que pratica o crime com a sensação de que não existe a certeza do castigo”, considera a presidente. Para tentar reverter a situação, o sindicato ingressou com uma ação civil pública contra o Estado para a contratação imediata de profissionais. “Em 2017 houve um parecer positivo da condenação pelo Ministério Público, e estamos aguardando a sentença final. Fora isso, estamos denunciando a todo o instante e exigindo que o governo cumpra com a sua obrigação” salienta Raquel.

Postos extintos

Em nota encaminhada a este diário, a SSP (Secretaria de Segurança Pública) afirma que o dado apontado pelo sindicato leva em consideração postos de trabalho já extintos, e não contabiliza a requalificação de mais de 2 mil carcereiros que passaram a ser agentes policiais, em razão da lei sancionada pelo governador em março. “Estão em andamento concursos para a contratação de mais de 2.750 policiais civis, entre delegados, investigadores, escrivães e agentes policiais. Já foi autorizada também a abertura de um novo certame para a contratação de 2.750 policiais civis, a partir do próximo ano”, considera.

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