Não ia acontecer mais nada de especial naquele domingo. Ou aconteceria?
De repente uma mensagem, uma troca de conversa bem nada a ver, um convite, uma promessa e lá estava eu em um almoço maravilhoso. Simples, mas perfeito, desses que a gente sabe que vai se lembrar por muitos dias e vai desejar ter de novo em outros tantos deles.
Ô coisa boa! E sabe como é que se chama isso? Alegria!
E antes que você diga “Ah, vá...” já adianto que se chegar ao final desta crônica vai descobrir alguma motivação para uma vida que pode estar bem mais ou menos.
O filósofo Espinoza diz em sua obra do século 17 que o conceito de “alegria” tem a ver com potência. Ou seja, algo acontece com você que eleva o teu grau de paixão pela vida. A sucessão de acontecimentos do mesmo porte só aumenta essa sensação e de repente a pessoa se vê rindo, querendo que aquilo tudo não acabe nunca mais.
É mais ou menos quando você se apaixona. O encontro com a pessoa amada te dá potência e fecha em sua mente a qualquer negociação de que a vida pode não valer a pena.
Quando estamos apaixonados ficamos assim, com cara de emocionado, um perfeito iludido, um alegre. E nessa hora, tudo pode, tudo dá certo, a gente levanta cedo para qualquer compromisso, dorme tarde sem perceber, fica horas de conversa e não quer que acabe nunca.
Estar apaixonado é sentir-se o mais alegre de todos os mortais. E é bom, né?
E porque então não ter esta experiência no trabalho, na vida cotidiana, no relacionamento com a família? Eu já escrevi algumas crônicas atrás que sou um apaixonado irrecuperável e, portanto, uma pessoa alegre. E não porque não tenha nenhum tipo de noção dos perigos desta vida. É que simplesmente eu me permito ser mais alegre do que triste.
A tristeza me pega sim. Às vezes ao chegar em casa e ela estar vazia, no desapontamento por alguém, em uma invertida no trabalho. Mas minha paixão por viver é tão intensa que logo me animo e sigo em frente de novo. Um exemplo: eu dou aulas de Jornalismo há 17 anos. Há 17 anos ensino exatamente os mesmos conceitos e juro que nos próximos 17 anos eu quero entrar em sala e repeti-los de novo com a mesma alegria da primeira vez. Simplesmente porque sou apaixonado por ensinar e especialmente porque haverá alguém pronto para me ouvir. Sempre vai dar negócio.
Por vezes me questionava o que era isso que eu tinha, se não era sinal de fraqueza. Porque diante de tantas tempestades eu simplesmente mantinha minha fé na vida? Não sabia responder direito, mas ao sentar para escrever este texto hoje eu digo: eu amo estar alegre.
Eu amo a alegria que a vida me oferece e fico feliz em dizer “segundou”, “terçou”, “quartou” e não apenas “sextou”, porque como diz o professor Clóvis de Barros, se você for viver apenas para esperar a sexta-feira e aí sim ficar alegre e escrever nos stories “sextou”, está tudo perdido.
A vida vale a pena sim. Mas não apenas quando você finalmente for para uma viagem tão esperada pela Europa. Tem que valer a pena por você se reconhecer alegre e tirar de cada momento uma emoção única.
Emocionado? Iludido? Alegre? Sou mesmo, graças a Deus!