Solo Le Pido A Dios

OPINIÃO - Sandro Rogério dos Santos

Data 07/03/2021
Horário 05:40

Aqui na cidade usufruímos de facilidades e confortos. Costumamos nos queixar quando isso ou aquilo não está de acordo com o que poderia ser oferecido pelos impostos pagos pelos cidadãos. Um exemplo. Quando o asfalto é frágil ou a rua tem um ou dois ou três buracos, não costumamos dizer: “ainda bem que 98 metros quadrados estão ótimos e só 2 metros quadrados são esburacados”. Não! Para transitar em segurança, exigimos ruas sem buraco. Dito isso, me pergunto porque essa sanha desatada para comemorar os curados da Covid-19 quando muitos infectados sequer sintomas manifestaram e não precisaram de um leito de hospital, havendo já mais de 260 mil mortos? Muita gente, induzida pela propaganda oficial diversionista, anda mais preocupada em fazer o povo comemorar os “98 metros quadrados de asfalto intacto” e deixar de cobrar os “2 metros” esburacados. Sobeja insensibilidade, falta compaixão, escasseia humanidade!
A ser celebrado é o número das pessoas vacinadas, daquelas que de alguma forma conseguem imunidade contra essa praga que tem devastado vidas, famílias e tudo o que está em derredor. Desvincular consequências da causa, nesta hora, só ajuda a quem deveria fazer alguma coisa pousar como vítima da circunstância. Nós elegemos homens e mulheres para resolverem os problemas da sociedade. Duro que nas campanhas eleitorais todos se apresentam cheios de números, informações e soluções... até ganharem e serem cobrados. Ah, não dá! Ah, não pode! Ah, não depende de mim! Ah, isso é lento! Ah, a lei está obsoleta! Ah, não tem dinheiro!!! Se nos falta capacidade de indignação diante do horror, onde depositamos a humanidade que nos habita? Qual olhar projetamos sobre a sociedade ferida (literalmente) de morte por um vírus que invisível e silenciosamente circula entre nós, nos infecta e amedronta?
Na bela canção do argentino Leon Giecco “solo le pido a dios” cuja interpretação de Mercedes Sosa ou a de Beth Carvalho emocionam há uma prece: “Eu só peço a Deus que a dor não me seja indiferente/ que a morte não me encontre um dia solitário e sem ter feito o que eu queria”. Sei que desemprego mata, a fome mata, a doença mata... Mas, hoje, em nome da liberdade de alguns cujo comprometimento com a vida é apenas ‘hedonista’, sacrificaremos todos os outros, sobretudo, os mais frágeis sem nenhum grito, sem nenhuma indignação? Ser humano é o que somos e como tais deveríamos viver. E a tragédia atual tem revelado o quilate de muitas pessoas cuja fachada parecia melhor.

Seja bom o seu dia e abençoada a sua vida. Pax!!!

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