TEDx em Prudente traz reflexões sobre propósito e movimento no mundo

Com palestras sobre saúde mental, superação, meio ambiente, tecnologia e humanização, primeira edição do evento ocorreu na noite desta segunda, no Teatro César Cava

PRUDENTE - DA REDAÇÃO

Data 19/08/2025
Horário 16:53
Foto: Vinícius Pacheco
Evento ocorreu na noite desta segunda, no Teatro César Cava
Evento ocorreu na noite desta segunda, no Teatro César Cava

O TEDx Unoeste transformou a noite de segunda-feira em um ambiente de reflexão sobre o que é motivo para nos movimentarmos no mundo. Com palestras de Eishin Suzuki, Raquel Trevisi, Renata Calciolari Rossi, Felipe Almeida de Paula e Pedro Salomão, o evento de formato internacional propôs que todos saíssem do Teatro César Cava, no campus 1 da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), com um novo olhar sobre propósitos.

O TED é uma organização sem fins lucrativos, que busca propagar conhecimento por meio de palestras. Seus eventos já contaram com grandes autoridades mundiais e especialistas de vários setores. A primeira edição no oeste paulista ocorreu por iniciativa dos alunos do curso de Medicina. O formato atraiu pessoas que quiseram viver a experiência do TEDx sem sair de Presidente Prudente.

“Eu já acompanho os eventos globais pela internet e sempre tive vontade de prestigiar presencialmente. Todos os palestrantes conseguem impactar o público, passam muita empatia, conseguem se conectar com a plateia. Eu vim sentir essa experiência in loco”, afirmou o economista Paulo Ortiz.

A estudante do 5º termo de Medicina, Amanda Aizza Caceres, também já conhecia o formato. “Faz muitos anos que eu acompanho pela internet. Quando eu soube que teria na minha faculdade, não tinha outra opção senão comparecer. Achei cada palestra muito interessante”, ponderou.

O tema “Como você se move no mundo” foi o que atraiu a estudante do 7º termo de Medicina, Rafaela da Cunha Pirolla, às palestras. “É uma coisa que a gente não para e pensa. Hoje, o que me move no mundo é sempre estar querendo conhecer coisas novas. Buscar conhecimento”, conta.

Mente

Eishin Suzuki, bispo do Templo Nissenji e monge do Budismo Primordial, abriu a programação. Com uma reflexão sobre saúde mental, ele propôs ao público valorizar a importância de rituais – não apenas no sentido religioso ou espiritual – para materializar o que se tem de propósito de vida.

Também destacou que as transformações rápidas do mundo são um desafio constante. Por isso, a necessidade de ficar atento aos sinais de possíveis distúrbios.

“Ouvir o outro é muito importante. Quando você está com uma dor, tem que procurar um médico. Na parte mental, psicológica e espiritual, deve acontecer assim também. Buda ensina dessa forma. Às vezes, a gente não sabe onde está o problema. Então é necessário ouvir os ensinamentos. Temos que procurar compreender o que estamos sentindo”, comenta.

Foto: Vinícius Pacheco - Eishin Suzuki abordou questões sobre saúde mental

Corpo

Escritora, palestrante e criadora de conteúdo, Raquel Trevisi compartilhou as experiências durante o período que enfrentou um quadro de Covid-19 grave e necessitou ser intubada. Ela relatou o que sentiu durante este período – como medos, o que conseguia ouvir dos médicos, as palavras de carinho que recebeu durante o tratamento e ao ser extubada, e o esforço para recuperar os movimentos.

“Depois disso, ainda enfrentei um câncer. Seis meses depois de curada, descobri um novo câncer. Mas essa história vai ficar para uma outra edição do TEDx”, finalizou sua fala.

Foto: Vinícius Pacheco - Raquel Trevisi compartilhou história de vida e superação de doenças

Ambiente 

Mudar o mundo também exige mudar o ambiente em que vivemos. O reflexo dos microplásticos na saúde humana foi o foco da palestra da professora Renata Calciolari Rossi, docente na Unoeste, fisioterapeuta, mestre e doutora pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro e pós-doutora pela Universidade de São Paulo.

Essas partículas, que têm cerca de cinco milímetros, estão espalhadas pela natureza e, segundo pesquisas, afetam nosso organismo e podem ser encontradas nos sistemas respiratório, digestivo e até neurológico.

Ela destacou o quanto o apoio à ciência e a conscientização são fundamentais para reverter esse quadro. “Nós estamos em uma fase terrível de mudanças de clima. Invernos rigorosos, aumento de níveis dos oceanos, mortalidade de peixes. Como a gente pode se mover no mundo de uma forma mais sustentável e benéfica?”, questionou.

Foto: Vinícius Pacheco - Renata Calciolari Rossi levantou debate sobre microplásticos e preservação ambiental

Tecnologia

Ainda na área da saúde, o urologista Felipe Almeida de Paula abordou como a tecnologia transformou a medicina e permitiu um movimento rumo a avanços consideráveis na realização de cirurgias robóticas. Felipe é chefe do departamento de oncologia do Hospital da Esperança, docente da disciplina de Urologia da Unoeste, mestre e doutorando em oncologia pelo A.C. Camargo Cancer Center e diretor da Sociedade Brasileira de Urologia em São Paulo.

“A gente tem hoje, em desenvolvimento no Hospital de Esperança, uma inteligência artificial para ajudar pacientes com câncer, em conjunto com hospitais de grande porte do Brasil, Reino Unido e Japão. Isso é significativo, pois veio por meio de iniciativa de alguém daqui, que se mexeu, que tentou transformar tudo”, comenta.

Foto: Vinícius Pacheco - Felipe Almeida de Paula trouxe inovações tecnológicas em processos cirúrgicos

Humanização

O encerramento ficou sob responsabilidade do palestrante, escritor e cantor Pedro Salomão. Em um relato sobre a experiência de atuar como palhaço em hospitais, trouxe a reflexão sobre como vemos graça na vida.

“Todos nós somos capazes de construir, de cultivar graça na nossa vida e, assim, ela vai se enchendo de sentido. Como palhaço de hospital, vi que, mesmo em um ambiente de espinhos, a gente é capaz de encontrar uma florzinha e colocar foco nisso. No final das contas, podemos amar e construir uma boa vida”, declarou.

Foto: Vinícius Pacheco - Pedro Salomão abordou importância de levar graça à vida

Evento de sucesso

Antes do encerramento, a professora doutora Claudia Alessi, que coordenou e apoiou na realização do evento, foi chamada ao palco para receber um presente e destacou a atuação dos alunos de Medicina. Isso porque a organização, desde o licenciamento até os detalhes para receber o público, ficou sob responsabilidade deles. Inclusive, os estudantes precisaram seguir todo o protocolo detalhado pelo TED.

“Eu fiquei impressionada com a competência deles e a preocupação. Eles cuidaram de todos os detalhes e isso é impressionante para um grupo tão jovem. É como se eles fossem ‘drones’ no evento, com uma visão ampla de tudo – isso sem deixar de comparecer às atividades da faculdade. Isso é muito importante na formação deles. É fundamental na vida de qualquer profissional”, afirmou a professora, que é coordenadora de extensão da Famepp (Faculdade de Medicina de Presidente Prudente).

No próximo ano, o evento deve retornar ao Teatro César Cava. Mas para quem não pôde comparecer, há mais uma chance de conferir os relatos da edição 2025: as palestras da noite desta segunda-feira serão disponibilizadas em breve, no canal do TEDx no Youtube.

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