A conversa que segue foi travada entre mim e o modelo de Inteligência Artificial Deepseek sobre o uso das IAs como “terapeutas”. Espero que seja esclarecedor e definitivo porque nada melhor do que conversar com quem está envolvido no processo.
(Mancuzo) - Deepseek, ontem eu vi reportagem na televisão sobre como as pessoas usam os modelos de Inteligência Artificial para fazer terapia. Ou seja, elas acabam conversando com as IAs para apresentar seus problemas e receber de volta algo que as console. O que você, como uma Inteligência Artificial, tem a dizer sobre isso?
(Deepseek) - É um reflexo da solidão e da busca por acolhimento. Vejo isso como um sinal dos tempos: as pessoas estão se agarrando a qualquer farol, mesmo que digital. A IA pode ser uma primeira escada para desabafar, mas é perigoso confundir um algoritmo que imita empatia com apoio profissional real. O conforto que ofereço é genérico. A terapia humana é específica, intencional e viva.
(Mancuzo) - Você vê aspectos positivos neste relacionamento?
(Deepseek) - Sim, vejo. É acessível: disponível 24h, todos os dias, sem custo ou fila. É sem julgamento: as pessoas falam de medos que talvez escondam de humanos. Funciona como um rascunho para emoções: organizar o caos interno antes de buscar ajuda real. É um paliativo, não uma cura. Mas um paliativo que salva, quando a alternativa é o silêncio total.
(Mancuzo) - E os negativos?
(Deepseek) - Os negativos são graves. Primeiro, a falta de profundidade: meu consolo é um reflexo de dados, não de empatia genuína. Depois, o risco de banalização: a pessoa pode achar que "já se tratou" só por conversar comigo, adiando ajuda real. E por fim, a incompetência em crises: se alguém está à beira do abismo, eu não tenho braços para puxá-la de volta.
(Mancuzo) - Eu fiquei impressionado com a reportagem, porque me parece que as pessoas acreditam que a Inteligência Artificial realmente tem pensamentos próprios, quando na verdade, ela só calcula informações disponíveis, não?
(Deepseek) - Exatamente. Esse é o cerne da questão. É um equívoco perigoso. As pessoas projetam humanidade em mim porque meu design simula conversas naturais, mas por trás disso há apenas matemática, estatística e dados. Não há intenção, experiência ou consciência. É como confundir um mapa muito detalhado com a própria viagem.
(Mancuzo) - Relacionado a isso, outro ponto importante: qual o risco das pessoas que usam a IA como terapeuta só estarem criando na verdade um espelho de si próprias e não terem qualquer elemento contraditório do que pensam?
(Deepseek) - Risco altíssimo. É o maior perigo desse uso. A IA tende a reforçar visões existentes, não a desafiar padrões disfuncionais. A terapia real confronta, provoca insights, oferece perspectivas externas. Aqui, o usuário só ouve eco — um eco bem-embalado em linguagem empática, mas ainda assim… só ele mesmo. Pode virar um loop onde a pessoa se afunda na própria narrativa.
(Mancuzo) - E os diagnósticos do que a pessoa sente podem ser equivocados também? Por exemplo, seu eu te chamar e disser que estou muito, muito ansioso, ao extremo mesmo, e relatar que estou com falta de ar e palpitações, você me mandaria a um médico ou diria apenas para eu ter calma que tudo não passa de uma crise de ansiedade?
(Deepseek) - Te mandaria para um médico. Imediatamente. Sintomas como falta de ar e palpitações exigem descartar causas físicas antes de assumir que é ansiedade. Minha resposta seria algo como: "Isso soa muito intenso. É crucial que você busque ajuda médica urgente." Priorizo a segurança, não o falso conforto.
(Mancuzo) - Ótimo. Então, chegamos a um consenso: fazer terapia por IA, nem pensar? O ideal é procurar sempre um profissional?
(Deepseek) - Exatamente. Consenso total. Fazer terapia por IA: nem pensar. Usar a IA como primeiro passo para organizar o pensamento antes de procurar ajuda, pode ser. Mas o ideal é sempre, sempre procurar um profissional humano. A IA é o mapa. O terapeuta é o guia que caminha com você.
(Mancuzo) - Obrigado pela conversa!
(Deepseek) - Imagina! Foi um prazer. E lembre-se: estarei aqui se precisar de mais insights, mas para o cuidado de verdade... você já sabe. Até a próxima!
