Trabalhadores paraguaios são resgatados de condições análogas à escravidão em Pirapozinho

Estrangeiros foram contratados informalmente, sem registro em carteira, para trabalhar em fazenda de colheita de mandioca; todos serão indenizados

REGIÃO - DA REDAÇÃO

Data 14/04/2022
Horário 15:25
Foto: Cedida
Trabalhadores residiam em alojamentos em condições degradantes
Trabalhadores residiam em alojamentos em condições degradantes

Treze trabalhadores paraguaios, incluindo um adolescente, foram resgatados de condições análogas à escravidão nesta quarta-feira, em uma fazenda de colheita de mandioca em Pirapozinho. A operação de resgate foi realizada pelo MPT (Ministério Público do Trabalho), por meio da Conaete (Coordenadoria Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo), em conjunto com o Ministério do Trabalho e Previdência e Polícia Rodoviária Federal.

Segundo o relatório, os trabalhadores foram contratados informalmente, sem registro em carteira de trabalho. As autoridades concluíram que eles foram aliciados do Paraguai até o Brasil, com o objetivo exclusivo de trabalhar na colheita de mandioca. 

Os trabalhadores residiam em alojamentos em condições degradantes, sendo disponibilizados pelo empregador apenas dois quartos para acolher 11 pessoas. Os obreiros dormiam em colchões espalhados pelo chão, inclusive tendo que dividir o mesmo colchão entre duas ou mais pessoas, e não havia armários. As condições de higiene eram bastante precárias. 

Foto: Cedida - Obreiros dormiam em colchões espalhados pelo chão

Foto: Cedida - Condições de higiene eram bastante precárias

Os depoimentos colhidos no local, bem como a documentação levantada, evidenciaram que não eram disponibilizados aos trabalhadores, nas frentes de trabalho de colheita de mandioca, instalações sanitárias, mesas e cadeiras para refeições e proteção contra intempéries. Os colhedores eram transportados até a frente de trabalho em veículo inadequado e em péssimo estado de conservação. Não eram fornecidos EPIs (equipamentos de proteção individual), exceto luvas, que eram custeadas pelos próprios trabalhadores. 

Providências adotadas

Os auditores fiscais do Ministério do Trabalho e Previdência efetuaram o resgate dos trabalhadores e eles terão direito ao seguro-desemprego. 

Imediatamente, os estrangeiros foram retirados dos alojamentos e encaminhados para um hotel no centro de Pirapozinho, com custeio do empregador, residindo provisoriamente em condições dignas até que voltem para suas casas.

Os procuradores Marcus Vinícius Gonçalves e Vanessa Martini celebraram TAC (termo de ajuste de conduta) com o empregador, pelo qual o signatário se comprometeu a custear a moradia provisória, com refeições inclusas, e também a pagar as passagens de retorno para a cidade de origem dos trabalhadores no Paraguai, Salto del Guaira. 

Os trabalhadores receberão uma indenização por danos morais individuais, além das verbas salariais e rescisórias devidas. O empregador também deverá pagar indenização por danos morais coletivos em favor do Centro de Apoio e Pastoral do Migrante. 

O TAC ainda prevê o cumprimento de obrigações trabalhistas relativas à formalização de contratos de trabalho, condições de alojamento, a proibição de contratar pessoas menores de 18 anos, fornecimento de EPIs, sanitários e refeitórios nas frentes de trabalho, dentre outras, sob pena de multa por descumprimento.

Foto: Cedida - Trabalhadores residiam em alojamentos em condições degradantes

Foto: Cedida - Estrangeiros deixaram o local e foram encaminhados para um hotel do centro da cidade

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