Traduzindo a economia circular

OPINIÃO - Maria Constantino

Data 30/07/2022
Horário 04:30

Por acaso você já ouviu falar em economia circular? Bom, mesmo que não conscientemente, economia linear você com certeza sabe o que é, pois é o modelo adotado pela maior parte dos países. Explico:
Na economia linear, há extração crescente de recursos naturais e os resíduos resultantes da produção são apenas descartados. Ou seja, nesse tipo de organização econômica a cadeia produtiva se ocupa apenas de extrair os recursos naturais para produzir bens de consumo e, então, descartá-los.
A economia circular, por sua vez, traz uma nova forma de pensar todo o ciclo de produção, incluindo um olhar ao destino dos rejeitos. Em resumo, a economia circular se baseia na inteligência da natureza e os resíduos são insumos para a produção de novos produtos. Digo que se baseia na inteligência da natureza porque no meio ambiente, restos de frutas consumidas por animais se decompõem e viram adubo para plantas. Este é um processo marcado pelo reaproveitamento total e desperdício zero. Tal dinâmica leva o nome de “cradle to cradle” (do berço ao berço), pois não há a ideia de resíduo, e tudo serve continuamente de nutriente para um novo ciclo. Bonito, não? E mais legal ainda: a ideia é reunir o modelo sustentável com o ritmo tecnológico e comercial do mundo moderno, pois sabemos que ele não pode simplesmente ser ignorado. 
De acordo com a Fundação Ellen MacArthur, há três princípios básicos que fundamentam os processos da economia circular: Preservar e aumentar o capital natural, controlando estoques finitos e equilibrando os fluxos de recursos renováveis; Otimizar a produção de recursos fazendo circular produtos, componentes e materiais no mais alto nível de utilidade o tempo todo, tanto no ciclo técnico quanto no biológico; e fomentar a eficácia do sistema revelando as externalidades negativas e excluindo-as dos projetos.
Uma pesquisa feita pela ONU (Organização das Nações Unidas) demonstrou que 99% dos produtos comprados são descartados após seis meses, gerando assim mais de 2 bilhões de toneladas de resíduos a cada ano. Em análise feita pela União Europeia em 2015, investir em economia circular representará, até 2030, o crescimento de 7% do PIB (Produto Interno Bruto) da economia europeia, redução do consumo de matérias-primas em 10% e diminuição das emissões anuais de CO2 em 17%. 
No mesmo ano, a Fundação Ellen MacArthur, a SUN e a McKinsey notaram que, adotando princípios da economia circular, a Europa pode aproveitar a iminente revolução tecnológica para gerar um benefício líquido de 1,8 trilhão de euros. E não seria diferente no resto do mundo.
Digo que a economia circular é tendência no mundo todo, pois são inúmeros os benefícios. Nesse momento pós-pandemia, de reestruturação sócio-econômica, as empresas e entidades governamentais devem repensar todos os aspectos que estruturam a dinâmica econômica vigente. Não é segredo que, do jeito que está, outros vírus podem surgir, outras doenças graves podem adquirir caráter pandêmico, mudanças climáticas vão se agravar, desastres naturais podem tomar mais espaço, entre outras infelicidades que não queremos viver!
 

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