A fisiologia é uma ciência fascinante na qual se desvenda o funcionamento dos órgãos e sistemas. A complexidade da interação e interdependência entre os sistemas que desempenham funções específicas e complementares nos dá, ao mesmo tempo, a dimensão da perfeição e da fragilidade. Com um dos elos rompidos, o desequilíbrio é fatal.
Ao contrário do pensamento dos leigos, o coração não é órgão mais importante. Assim como o cérebro ou o fígado não são. Qualquer dos órgãos que não funcione com eficiência compromete irremediavelmente a manutenção dos demais, que também vão perdendo sua função. Nessa condição, a manutenção da homeostase também fica comprometida, levando às doenças.
Mesmo não sendo o mais importante, o coração é o órgão que mais apresenta problema de funcionamento, em geral, a insuficiência cardíaca, que é a incapacidade de bombear sangue para todos os demais órgãos e tecidos. No Brasil os problemas do coração causam mais de 27,5 mil mortes anuais, que são equivalentes a três mortes a cada hora (Sociedade Brasileira de Cardiologia). Os problemas circulatórios, que incluem infartos e acidente vascular cerebral (AVC), representam 30% de todas as mortes.
Já conhecidos pela maioria das pessoas, mas vamos lembrar os não-modificáveis: hereditariedade, idade e sexo; e os modificáveis: sedentarismo, obesidade, tabagismo, dieta rica em gorduras animais, diabetes, hipertensão arterial, estresse e inflamação sistêmica crônica.
Estudos do Dr. Kenneth Cooper, que foram amplamente divulgados a partir da década de 1980, demonstraram que a caminhada e corrida praticadas regularmente podem proteger o coração. Por isso, os profissionais de saúde passaram a prescrever exercícios aeróbios (“Aerobics” foi o livro publicado à época) para todos.
Para quem não gosta, não tem tempo ou lugar para correr 30 min ou mais por dia, há opções de exercícios também eficientes para proteção do coração: treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT - realizado também no treinamento funcional e CrossFit) e treinamento de alta intensidade com exercício resistido (HIT-RT), que consiste em única série de exercício realizada até a fadiga. Esses treinamentos promovem diminuição do peso corporal e dos triglicerídeos, aumento do HDL-colesterol, melhora da condição da síndrome metabólica e do volume de ejeção do coração. Portanto, exercícios de alta intensidade podem proteger o coração, mesmo quando de curta duração.