Um domingo em São Paulo

Persio Isaac

CRÔNICA - Persio Isaac

Data 14/08/2022
Horário 06:08

Acordo perto das 9h com um tempo nublado em São Paulo. A temperatura bate os 16°C. Um banho quente vai me aquecer neste domingo frio e chuvoso. Tomo meu café da manhã e rumo a Avenida Paulista. Um pedaço da história invade minha mente, afinal estou subindo a lendária Rua Frei Caneca. Esse nome homenageia Joaquim da Silva Rabelo, que participou ativamente da Revolução Pernambucana. Um pensador muito culto, político, escritor e poeta. Foi condenado a morrer enforcado, pelo pai de Duque de Caxias. No dia da sua morte, caminhou com uma pesada corrente de ferro no pescoço, descalço e usava uma batina suja e rasgada. Caminhou em silêncio, a Revolução Pernambucana tinha sido esmagada, mas a ideia de liberdade estava cada vez mais viva no seu coração. Disse: "Quem bebe da minha caneca tem sede de liberdade". 
Vou subindo essa rua que leva o nome desse notável homem, sem corrente no pescoço, bebendo da sua caneca e respirando a liberdade. Homens de mãos dadas vivendo outras formas não convencionais de amor, mulheres se acariciando como se estivessem sozinhas nesse mundo, cães farejando e sentindo o ar da liberdade mesmo presos nas coleiras dos seus donos. 
Infelizmente a miséria está presente em corpos estendidos no chão sob folhas de papelão, dormindo um sono sem sonhos e a esperança ainda tenta acordá-los, ela não se cansa de esperar. Passo em frente da Paróquia Divino do Espírito Santo e ouço um cântico religioso: Se ouvires a voz de Deus/chamando sem cessar/ se ouvires a voz do mundo/querendo te enganar/a decisão é tua/ a decisão é tua... 
Chego na charmosa Avenida Paulista e vejo um teatro ao ar livre. A cultura em todas as formas, presente neste domingo frio em São Paulo. Músicos de todos os estilos musicais, dançarinos, mágicos, massagistas, videntes, ciclistas transformam a Avenida Paulista num só coração. Vou caminhando no meio de toda essa diversidade cultural. Vejo uma cena muito peculiar, onde um cara sentado tranquilamente numa mesa com a seguinte frase: "Pago 100 reais para quem me convencer a votar no Lula". O humor está presente e as pessoas riem.  
Depois de andar quase toda a Avenida Paulista paro para ver um show de Rita Lee Cover. A banda que acompanha leva um nome muito criativo: A Bruxa Amarela. Excelentes músicos que fazem a galera vibrar num delicioso rock and roll. A cantora Eve da Mata, cover de Rita Lee, começa: "Meu bem, você me dá água na boca"... A galera vai ao delírio e esquecem da realidade imaginando loucuras. 
Converso com a Adriana, que é a fotógrafa do grupo e mulher do Henrique, que é o guitarrista. Adriana veio de Paraguaçu Paulista e a nossa empatia veio rápido, afinal somos do oeste paulista. Ela me apresenta a todos os músicos e o Henrique tem outra banda chamada Hurricanes, que toca rock, clássicos como Deep Purple, Led Zepelim, Joe Cocker, ZZ TOP, The Woo, The Door, etc. Depois de um gostoso bate-papo, tiramos essa foto e encerro meu gostoso domingo abraçado nesses novos amigos. Apresento nessa foto meus novos amigos. 

Da esquerda para a direita:
Henrique Cezarino (guitarra)
Luiz Cruz (baixo)
Eve da Mata (vocal)
Thiago Alef (bateria)
Duca (guitarra)
Bruno Petcov (teclados). 

Valeu São Paulo!

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